Por Lauren Netto
Após meses de reabilitação no Centro de Recuperação de Animais Silvestres (CRAS), três tamanduás ganharam uma nova chance de voltar à natureza. Os animais foram transferidos para o Instituto Tamanduá, em Aquidauana, onde passarão pela última etapa de adaptação antes da reintrodução ao ambiente natural.
A ação faz parte do projeto Órfãos do Fogo, que busca resgatar e reabilitar animais impactados por queimadas, atropelamentos e outras ameaças ambientais. A equipe do Hospital Ayty foi responsável pelo transporte dos tamanduás, garantindo que chegassem com segurança ao novo espaço, onde desenvolverão habilidades essenciais para sobreviver na natureza.
Cada um dos tamanduás resgatados carrega uma trajetória de luta. Um dos animais, um tamanduá-bandeira, foi encontrado sozinho às margens de uma rodovia em Miranda, sem a mãe por perto. Graças ao resgate e aos cuidados no CRAS, ele pôde se recuperar e seguir para a nova etapa.
Outro caso é o de um tamanduá-mirim localizado em Campo Grande pela Polícia Militar Ambiental (PMA). Desorientado e debilitado, ele passou por uma reabilitação minuciosa até estar apto para a transferência.
Além deles, um segundo tamanduá-bandeira chegou ao CRAS em novembro de 2024 com suspeita de cinomose, doença que poderia comprometer sua sobrevivência. Após exames descartarem a infecção, ele pôde seguir para o Instituto Tamanduá, onde continuará sua adaptação.
O diretor-presidente do Imasul, André Borges, destacou a importância da iniciativa para a preservação da fauna silvestre.
"O projeto Órfãos do Fogo é essencial para garantir que esses animais, vítimas de tragédias ambientais, possam ter uma nova chance na natureza. A parceria entre o Imasul e o Instituto Tamanduá reforça nosso compromisso com a biodiversidade", afirmou.
No Instituto Tamanduá, os animais passarão por um período de readaptação antes da soltura definitiva. Segundo a veterinária Jordana Toqueto, que acompanhou o tratamento no CRAS, esse processo é fundamental para que os tamanduás desenvolvam comportamentos naturais.
"Cada um desses tamanduás passou por exames detalhados, recebeu alimentação especializada e foi preparado para retornar ao ambiente natural. Agora, no Instituto Tamanduá, eles aprenderão a sobreviver por conta própria antes de serem soltos definitivamente", explicou.
A reabilitação incluiu não apenas cuidados médicos, mas também estímulos para que os animais mantivessem seus instintos. O Hospital Ayty, referência no atendimento de fauna silvestre, disponibilizou recintos adaptados e alimentação semelhante à encontrada na natureza.
"Buscamos cupinzeiros na mata e os oferecemos aos tamanduás para que eles mantivessem o instinto de procurar alimento. Esse tipo de adaptação é essencial para que possam se alimentar sozinhos no futuro", destacou Jordana.
Aline Duarte, gestora do CRAS e do Hospital Ayty, reforçou a importância do trabalho conjunto para garantir a recuperação e reintrodução desses animais.
"Nosso objetivo é garantir que esses animais estejam prontos para voltar à natureza. No Hospital, eles receberam todos os cuidados necessários para a recuperação da saúde e fortalecimento físico, mas no Instituto Tamanduá eles terão a chance de desenvolver habilidades essenciais para a sobrevivência", afirmou.
O resgate de animais silvestres envolve diversas instituições, como o Corpo de Bombeiros, a PMA e o Grupo de Resgate Técnico Animal Cerrado Pantanal (Gretap). Especialistas alertam que, em casos de emergência, a população deve acionar equipes especializadas e evitar capturar animais por conta própria, pois isso pode colocar em risco tanto o resgatado quanto o resgatador.