Por Lauren Netto
O desenvolvimento econômico de Mato Grosso do Sul tem moldado o mercado de trabalho e impulsionado a criação de novas profissões, especialmente em setores estratégicos como papel e celulose, serviços, mineração, bioenergia, tecnologia da informação e citricultura. Para atender a essa demanda crescente, instituições de ensino do estado vêm adaptando seus cursos, promovendo formações mais alinhadas às exigências do setor produtivo.
A própria área educacional acompanha essa transformação, capacitando docentes e instrutores para preparar profissionais do futuro. Um exemplo disso são cursos de qualificação voltados à modernização do ensino, como a formação para docentes digitais.
"A demanda por professores, tanto da educação básica como do ensino superior, nas mais diversas áreas do conhecimento, é crescente, uma profissão que contribui diretamente na formação de indivíduos e, consequentemente, da sociedade", afirma Walter Guedes, pró-reitor de Ensino da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS). Segundo ele, as profissões do futuro exigem uma abordagem multidisciplinar, além de uma visão ética, crítica e atualizada.
O avanço da automação e robotização, o crescimento da economia circular, a urbanização e o envelhecimento da população estão entre os fatores que impulsionam essas mudanças no mercado de trabalho, acrescenta o pró-reitor. Diante disso, a UEMS tem implementado estratégias para oferecer cursos que atendam às necessidades socioeconômicas do estado, promovendo parcerias estratégicas e investindo na formação continuada com um olhar regional e global.
"A UEMS está atenta às demandas do mercado e suas necessidades nos setores estratégicos do Estado. A educação, como agente de constituição da cidadania, possui importante papel na formação de cidadãos conscientes e preparados para os desafios do mercado de trabalho", ressalta Guedes.
O crescimento de setores tradicionais, como Engenharia, Agronomia, Geologia e Mineração, também traz novos desafios, exigindo profissionais mais qualificados para atuar em planejamento, otimização de processos, desenvolvimento de tecnologias e práticas sustentáveis. Além disso, áreas emergentes, como Ciência de Dados, Inteligência Artificial e Biotecnologia, ganham espaço no estado.
"Também abre-se oportunidades para profissionais com especializações em Tecnologia da Informação, Logística e Comércio Exterior, Meio Ambiente e Sustentabilidade, Energias Renováveis e Cidades Inteligentes", reforça o pró-reitor.
Atração de investimentos e qualificação profissional
O secretário-executivo de Qualificação Profissional e Trabalho da Semadesc (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), Esaú Rodrigues de Aguiar Neto, destaca que o governo tem trabalhado para alinhar o desenvolvimento econômico à qualificação profissional, fortalecendo setores como celulose, citricultura, bioenergia, logística, proteína animal e mineração.
"Na cadeia de transversalidade industrial, existem profissões que atendem todas as empresas, como a de técnico em manutenção industrial. O setor produtivo está moldando seus funcionários dentro da particularidade que necessita", pontua.
Um estudo do Fórum Econômico Mundial, em parceria com a Fundação Dom Cabral, apontou que, até 2030, setores essenciais como saúde, educação e construção terão aumento na demanda por profissionais, enquanto áreas impactadas por automação e inteligência artificial verão redução de postos de trabalho.
Expansão de cursos técnicos e profissionalizantes
Diante desse cenário, o Senai tem ampliado sua oferta de cursos voltados ao crescimento industrial e agroindustrial do estado. Dani Gil, gerente de Educação da instituição, destaca que a expansão de setores como bioenergia, florestas plantadas e produção de proteínas tem impulsionado novas formações.
"Este cenário promissor abre portas para diversas carreiras e profissões, com demanda crescente por profissionais qualificados, e criação de cursos como o de Técnico em Sistemas de Energia Renovável, Técnico em Celulose e Papel, Operador de Máquinas Florestais, Técnico em Manutenção de Máquinas Industriais e Técnico em Agroindústria", exemplifica.
Além dos cursos específicos para cada setor, a digitalização e a Indústria 4.0 também têm impactado diversas áreas, tornando fundamentais qualificações em Automação, Eletromecânica, Informática e Logística.
"É importante ressaltar que os cursos de qualificação profissional também são grandes possibilidades para formação de mão de obra qualificada para o MS, impactando diretamente as cadeias produtivas e gerando novas demandas", finaliza Dani Gil.
