Com déficit de chuvas, Rio Miranda tem pior marca já registrada para março

Nível do rio deveria estar perto de 4 metros, mas não passou de 1,44 metro

14/03/2025 00h00 - Atualizado há 3 meses

Por Lauren Netto

O Rio Miranda, um dos principais rios piscosos de Mato Grosso do Sul, enfrenta a pior marca já registrada para março. De acordo com dados do Serviço Geológico do Brasil divulgados na última quinta-feira (13), a régua instalada próximo à cidade de Miranda indicava apenas 1,44 metro, bem abaixo da média histórica de 3,97 metros para o período.

A escassez de chuvas tem sido o principal fator para a baixa no nível do rio. Desde o início da temporada chuvosa, em setembro de 2024, seis dos sete meses registraram precipitações abaixo da média. Até agora, o volume acumulado na bacia do Rio Miranda é de 530 milímetros, quando o esperado para esse intervalo seria de 880 milímetros — um déficit de aproximadamente 350 milímetros.

A estiagem prolongada gera preocupação para o setor turístico e pesqueiro do Pantanal. O transbordamento do rio, essencial para a renovação dos ecossistemas aquáticos e para a manutenção da pesca, ocorre apenas quando a régua marca acima de sete metros. Em anos de cheias históricas, como 2013, o Rio Miranda chegou a atingir 10,6 metros em março. Em 2025, no entanto, não passou dos três metros em nenhum momento e tem se mantido cerca de dois metros abaixo da média histórica desde janeiro.

E não é só a Bacia do Rio Miranda que enfrenta chuvas abaixo da média neste ano. Outras regiões da Bacia do Rio Paraguai também apresentam déficit hídrico, segundo o boletim do Serviço Geológico. A precipitação acumulada entre setembro de 2024 e fevereiro de 2025 no Pantanal foi de apenas 647 milímetros, bem abaixo da média histórica anual de 1.100 milímetros. O volume é semelhante ao registrado em 2024, quando o total chegou a 729 milímetros.

Apesar das chuvas mais intensas no sul de Mato Grosso, o nível do Rio Paraguai na régua de Ladário chegou a 1,68 metro neste sábado (15), apenas 21 centímetros acima do pico registrado no ano passado. Ainda assim, os especialistas descartam a possibilidade de o rio atingir quatro metros, nível necessário para o alagamento das áreas mais baixas do Pantanal, fundamental para reduzir os impactos da estiagem e mitigar o risco de queimadas nos meses secos.

O prognóstico para os próximos meses não é animador. A previsão do Serviço Geológico aponta que, entre agosto e setembro, o nível do Rio Paraguai pode voltar a ficar abaixo de zero na régua de Ladário, cenário que já ocorreu em 2020, 2021 e 2024. No ano passado, o rio chegou a registrar 69 centímetros negativos, a pior marca desde o início das medições, em 1900.


Notícias Relacionadas »
Fale pelo Whatsapp
Atendimento
Precisa de ajuda? fale conosco pelo Whatsapp