Imasul transfere tuiuiú e oito macacos-prego reabilitados para ambientação no Pantanal

Soltura definitiva será feita gradualmente, respeitando o período de maior oferta de alimentos no Pantanal

21/03/2025 00h00 - Atualizado há 3 meses

Por Lauren Netto

O Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) realizou, na última terça-feira (18), a transferência de oito macacos-prego e um tuiuiú para um recinto de ambientação na Fazenda Santa Sofia, em Miranda. A ação faz parte do processo de reabilitação conduzido pelo Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS) e contou com o suporte de uma equipe especializada de bólogos e veterinários.

Os animais permanecerão no local até que estejam adaptados ao ambiente natural. A soltura branda – método em que a reintrodução ocorre gradualmente – será realizada em um período de maior oferta de alimentos naturais, fora da estiagem, entre abril e setembro.

Reabilitação do tuiuiú

O tuiuiú transferido foi resgatado pelo Grupo de Resgate Técnico Animal Cerrado Pantanal (Gretap) na região de Miranda. O animal apresentava dificuldades para voar e foi encaminhado ao CRAS, onde recebeu tratamento até que suas penas estivessem completamente desenvolvidas, garantindo a capacidade de voo.

No recinto, a ave demonstrou rápida adaptação, interagindo com o habitat e buscando alimento. Segundo a veterinária Jordana Toqueto, que acompanhou o caso, “o acompanhamento foi essencial para garantir que o animal pudesse desenvolver plenamente suas habilidades de voo antes de ser transferido para o recinto de ambientação”.

Histórico dos macacos-prego

Os oito macacos-prego levados ao recinto possuem diferentes históricos de resgate e apreensão. Dois machos jovens chegaram ao CRAS em março de 2023, vindos do Centro de Atendimento Emergencial à Fauna Silvestre (CAE) de Corumbá, após apreensão do IBAMA. Outros indivíduos incluem uma fêmea adulta capturada pela Polícia Militar Ambiental (PMA) em maio de 2023, um filhote deixado na portaria do CRAS em julho do mesmo ano e um macho alfa resgatado em Mundo Novo, em fevereiro de 2024, que apresentava comportamento territorialista.

Além deles, um macaco foi entregue voluntariamente em Campo Grande em maio de 2024, um filhote resgatado em Terenos com quadro de sarna sarcóptica e uma fêmea jovem capturada em Ponta Porã em junho de 2024, que inicialmente demonstrava comportamento arredio em relação ao grupo.

De acordo com a bóloga Fernanda Mayer, do Imasul, “cada macaco tem um histórico de resgate e um processo de reabilitação diferenciado, que respeita o tempo e as condições físicas e comportamentais de cada indivíduo”.

Preparativos para a reintrodução

Antes da transferência, os animais passaram por exames clínicos completos para descartar doenças como Anaplasma sp., Babesia sp., Clostridium perfringens e Leptospira sp. Os resultados negativos, aliados aos exames físicos, atestaram que estavam aptos para a reintrodução.

Filhotes resgatados receberam alimentação especial e, quando prontos, fizeram a transição para dieta sólida. “O objetivo da reabilitação é preparar os animais para a vida na natureza, garantindo que tenham condições de sobreviver sem interferência humana”, explica a bóloga Márcia Delmondes.

Apoio do Hospital Ayty

O Hospital Ayty, do Imasul, teve papel fundamental na reabilitação dos indivíduos. A unidade possui estrutura avançada, com farmácia, salas de controle, setor de esterilização, raio-X e centro cirúrgico, proporcionando suporte integral ao atendimento de espécies resgatadas.

Para André Borges, diretor-presidente do Imasul, a iniciativa reforça o compromisso do estado com a conservação da fauna pantaneira. “O trabalho desenvolvido pelo Imasul por meio do CRAS e do Hospital Ayty é essencial para garantir que esses animais tenham uma nova oportunidade na natureza, sempre com acompanhamento técnico especializado”, destaca.


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