Por Lauren Netto
O abate de bovinos em Mato Grosso do Sul registrou um crescimento significativo nos últimos anos, impulsionado por avanços tecnológicos e incentivos governamentais. Em 2024, a quantidade de animais abatidos no estado aumentou 13,8%, ultrapassando 3,5 milhões de cabeças. O destaque fica para os novilhos precoces, cujo abate saltou 112% desde 2018, passando de 722.217 para 1,534 milhão de animais. Esse avanço é atribuído, principalmente, ao programa Precoce MS, que tem promovido a adoção de boas práticas agropecuárias e maior eficiência na produção.
Os números foram apresentados nesta terça-feira (26) durante a Dinapec 2025, em uma palestra ministrada pelo secretário-executivo de Desenvolvimento Econômico-Sustentável, Rogério Beretta, da Semadesc, e pelo presidente da Associação dos Produtores de Novilho Precoce de MS (Novilho Precoce MS), Rafael Gratão. Diante de um público composto por produtores e pesquisadores, os especialistas detalharam os avanços do programa, as novas exigências de conformidade e os impactos positivos na sustentabilidade da pecuária estadual.
De acordo com Rogério Beretta, o Precoce MS evoluiu para atender às exigências de mercado e ao desenvolvimento tecnológico do setor. “Mesmo com queda na área de pastagem, redução do nosso rebanho, tivemos um aumento de produção. Então isso daí, aqui dentro da Embrapa, é muito tranquilo de dizer, porque a Embrapa é uma das principais responsáveis por esse acontecimento. É a tecnologia que vem para incrementar a pecuária e os números mostram isso facilmente”, afirmou o secretário.
O programa também está alinhado com a meta do Governo do Estado de alcançar a neutralidade de carbono até 2030. Segundo Beretta, a iniciativa atende a legislação ambiental e incorpora protocolos como o Processo Produtivo em Conformidade (BPA) e as diretrizes do Plano Nacional de Erradicação da Febre Aftosa (PNEFA – MS). Essas exigências incluem melhorias no controle sanitário, rastreabilidade animal e biossegurança.
No último ano, o Precoce MS repassou mais de R$ 117 milhões em incentivos aos produtores cadastrados. Beretta destacou que as mudanças no protocolo do programa foram fundamentais para aprimorar a produção e garantir a evolução sustentável da pecuária sul-mato-grossense. “Temos aqui uma evolução muito grande do agro, mas a gente tem também uma evolução muito grande da pecuária. Esse momento do Estado que já é o momento que vem acontecendo desde o governo passado, é do Carbono Neutro, a busca da neutralidade das emissões de carbono até 2030. Então, em 2017, a gente mudou os protocolos do programa Precoce MS inserindo critérios de sustentabilidade, mas em seguida sentimos a necessidade de levantar a régua. Levantar a régua justamente para que a gente pudesse orientar melhor e fazer com que os produtores avançassem na produção. Aí a Associação teve um papel muito bacana, uma nova proposta de implementação do protocolo”, ressaltou.
O presidente da Novilho Precoce MS, Rafael Gratão, reforçou a importância da parceria entre a associação e o governo estadual para viabilizar a modernização do setor. “A gente teve o capricho de cuidar e desenvolver um protocolo que qualquer produtor consegue seguir. E eu lanço aqui um desafio: qualquer produtor presente pode me mostrar o que não é possível fazer dentro desse protocolo. E mais, desafio também a Europa e o mundo, que muitas vezes criam barreiras comerciais para a nossa carne, a analisar esse protocolo e ver que tudo está ali, medido — sustentabilidade, viabilidade econômica. O programa é acessível, está ao alcance de todos. Isso, sim, é política pública que dá certo”, afirmou Gratão.
Atualmente, o Precoce MS conta com 2.848 produtores cadastrados, 615 responsáveis técnicos e 516 estabelecimentos com atestado de adequação. Desses, 409 estão no nível avançado, 75 no nível intermediário, 26 no básico e 2.333 no nível obrigatório. Além disso, são 1.930 estabelecimentos rurais com identificação animal, 316 unidades de confinamento e 492 propriedades com programas de associativismo.
Beretta também enfatizou o avanço do programa desde sua reformulação. “Quando o programa foi reformulado, somente 50 produtores do sistema anterior tinham adotado boas práticas agropecuárias. Hoje são 516 que adotaram boas práticas agropecuárias. Então a gente aumentou de 50 para 500. Mas o que que nós queremos agora? Nós queremos que esses 2.300 passem por um processo de avaliação da sua propriedade. Então agora a partir de abril na renovação do cadastro todos terão que passar por um processo.”, adiantou.
Com os incentivos do Precoce MS e a adoção crescente de tecnologia, a pecuária sul-mato-grossense avança na busca por maior eficiência e sustentabilidade, consolidando o estado como referência na produção de carne de qualidade.