Por Lauren Netto
O pronto-socorro da Santa Casa de Campo Grande enfrenta um colapso devido à superlotação, com risco iminente de suspensão total dos atendimentos emergenciais. O hospital já pediu a suspensão do encaminhamento de novos pacientes e o remanejamento de internados para outras unidades.
Projetado para abrigar 13 leitos, o setor de urgência chegou a ter 87 pacientes internados na tarde de ontem (24/03), segundo a administração do hospital. Diante do cenário crítico, um ofício foi enviado à Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) solicitando a interrupção dos encaminhamentos que não sejam casos de extrema urgência. O hospital também menciona a falta de insumos, especialmente para procedimentos ortopédicos, como um fator que compromete ainda mais os atendimentos.
Com o agravamento da situação, a Santa Casa avalia a possibilidade de fechar temporariamente o setor de urgência e emergência, mantendo apenas os atendimentos aos pacientes já internados. Se confirmada, essa medida será inédita na história da unidade.
Para tentar reduzir a pressão sobre o hospital, a Sesau ativou um plano de contingência, que inclui a redistribuição de pacientes entre unidades de urgência e emergência. Crianças estão sendo transferidas para unidades com atendimento pediátrico 24 horas, e leitos temporários podem ser abertos conforme a demanda.
Segundo a secretaria, a superlotação tem relação direta com o aumento dos casos de doenças respiratórias e com pacientes de baixa complexidade que poderiam ser atendidos na rede básica.
Crise financeira e falta de insumos
A crise na Santa Casa não é novidade. Em fevereiro, o hospital já havia suspendido cirurgias eletivas por falta de insumos hospitalares. O problema atinge desde materiais básicos, como luvas e aventais, até itens mais complexos, como próteses e equipamentos ortopédicos.
Além disso, a falta de manutenção deixou diversos aparelhos hospitalares inutilizados. Sem perspectivas de reposição rápida, a crise estrutural continua afetando o atendimento e a segurança dos pacientes.
Para evitar que o cenário se agrave ainda mais, a Santa Casa está transferindo pacientes internados para outras salas dentro do hospital, tentando minimizar a superlotação nos corredores do pronto-socorro.