Campo Grande sediará a COP15, maior evento mundial sobre espécies migratórias

Conferência discutirá medidas para combater perda de habitats, mudanças climáticas e caça ilegal

26/03/2025 00h00 - Atualizado há 3 meses

Por Lauren Netto

O Brasil sediará, em 2026, a 15ª Reunião da Conferência das Partes (COP15) da Convenção sobre a Conservação de Espécies Migratórias de Animais Silvestres (CMS). O evento, que ocorrerá entre os dias 23 e 29 de março em Campo Grande, foi anunciado nesta quarta-feira (26) pelo governo brasileiro e pelo Secretariado da CMS.

Considerado o maior encontro mundial sobre a conservação de espécies migratórias, a conferência reunirá representantes de governos, cientistas, povos indígenas, comunidades tradicionais e sociedade civil para discutir desafios e soluções para a proteção desses animais.

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, destacou a importância do evento para o país e o compromisso do Brasil com a biodiversidade. "O Pantanal, um dos biomas mais ricos e vibrantes do mundo, será o cenário ideal para esse diálogo internacional sobre conservação e desenvolvimento sustentável", afirmou. Marina também ressaltou que o Brasil busca avançar em políticas eficazes para garantir a preservação da natureza. "Nessa conjuntura de instabilidade no multilateralismo, reforço o firme intuito do Brasil de tecer um futuro sustentável, justo e inclusivo", concluiu.

Membro da CMS desde 2015, o Brasil abriga uma grande diversidade de espécies migratórias, como a onça-pintada, o morcego-de-cauda-livre-mexicano e o falcão-peregrino, além de várias espécies marinhas e de água doce. A proteção desses animais é essencial para manter ecossistemas saudáveis, e o país tem papel fundamental na conservação global por meio de leis ambientais e acordos internacionais.

Segundo especialistas, espécies migratórias exercem funções ecológicas vitais, como polinização, dispersão de sementes, controle de pragas e ciclagem de nutrientes. Além disso, muitas comunidades tradicionais dependem diretamente dessas espécies para atividades econômicas como o ecoturismo e a pesca sustentável.

Um relatório recente da CMS, "O Estado das Espécies Migratórias do Mundo" (2024), apontou que o risco de extinção dessas espécies tem aumentado devido às ações humanas. Entre as principais ameaças estão a superexploração, perda de habitats, mudanças climáticas, poluição e introdução de espécies exóticas invasoras. Atualmente, 399 espécies migratórias ainda não estão listadas na convenção, o que reforça a necessidade de ampliar os esforços de conservação.

A programação da COP15 prevê debates sobre temas cruciais, incluindo:

• Compromissos políticos: adoção de declarações ministeriais reforçando a conservação global;

• Fortalecimento da conservação coordenada: revisão e inclusão de novas espécies ameaçadas nas listas da CMS;

• Ações de conservação: medidas para enfrentar ameaças urgentes;

• Combate à captura ilegal: reforço de ações contra a caça e destruição de habitats;

• Conectividade ecológica: proteção de corredores migratórios;

• Plano Estratégico de Samarcanda (2024-2032): avaliação de avanços e definição de ações para a próxima década.

A CMS foi criada em 1979 e é um dos principais tratados ambientais para a conservação de espécies migratórias e seus habitats. Com 133 países membros, a convenção promove a cooperação global para a proteção desses animais.

A Conferência das Partes (COP) ocorre a cada três anos e define as prioridades globais para a conservação. Na COP15, espera-se que o Brasil reforce seu papel de líder na proteção da biodiversidade e no debate sobre um futuro sustentável para as espécies migratórias.


Notícias Relacionadas »
Fale pelo Whatsapp
Atendimento
Precisa de ajuda? fale conosco pelo Whatsapp