Por Lauren Netto
O Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) instaurou um processo administrativo para acompanhar as medidas de combate e controle da hepatite A em Campo Grande. A ação foi motivada pelo aumento expressivo de casos da doença nos últimos sete meses.
A concessionária Águas Guariroba, responsável pelos serviços de abastecimento e saneamento na capital, afirma que 100% da população tem acesso a água tratada e que 94% da cidade conta com rede de esgoto. Esses indicadores colocam Campo Grande na segunda posição entre as capitais brasileiras com melhor saneamento básico.
Apesar disso, o MPMS aponta que, até 2023, o serviço era “bem feito” pela empresa, e Campo Grande estava entre as poucas capitais sem registros de hepatite A por quatro anos. No entanto, a situação mudou a partir de setembro do ano passado, quando 103 casos foram notificados até novembro, principalmente entre pessoas de 20 a 49 anos. Entre dezembro e janeiro de 2025, mais 25 casos foram confirmados, o que levou o MPE a intensificar as investigações.
O processo administrativo do órgão inclui quatro principais frentes de ação:
• Coleta de informações sobre o cenário da hepatite A na capital;
• Notificação das secretarias estadual e municipal de Saúde para que esclareçam as medidas adotadas;
• Solicitação de dados da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) sobre a cobertura vacinal e estratégias de combate;
• Acompanhamento dos resultados das ações implementadas.
Diante da situação, a Sesau ampliou, há seis meses, o público-alvo da vacina contra hepatite A pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Atualmente, podem se vacinar pessoas entre 11 e 39 anos, com doses de 0,5 ou 1 ml.
Hepatite A: sintomas, transmissão e prevenção
De acordo com o Ministério da Saúde, a hepatite A é uma infecção causada pelo vírus A (HAV), também conhecida como “hepatite infecciosa”. Geralmente benigna, a doença tende a se manifestar de forma mais severa em pacientes mais velhos.
A transmissão ocorre por via fecal-oral, com a ingestão de alimentos ou água contaminados, além do contato pessoal próximo e relações sexuais. Entre os primeiros sintomas estão fadiga, febre, dores musculares e desconfortos gastrointestinais, como náuseas, vômitos e diarreia. O período de incubação varia entre 15 e 50 dias, e os sintomas podem persistir por até dois meses.
O diagnóstico é feito por exame de sangue, e não existe um tratamento específico. Os cuidados se baseiam no alívio dos sintomas e, em casos graves, pode ser necessária hospitalização.
Por conta disso, a prevenção é fundamental. O Ministério da Saúde recomenda:
• Lavar as mãos com frequência, especialmente após o uso do banheiro, troca de fraldas e antes das refeições;
• Higienizar frutas e verduras com água tratada, clorada ou fervida, deixando-as de molho por 30 minutos;
• Cozinhar bem os alimentos antes do consumo, sobretudo frutos do mar e peixes;
• Manter rigorosa higienização de utensílios domésticos, como pratos, copos e talheres;
• Utilizar instalações sanitárias adequadas;
• Em estabelecimentos como restaurantes e creches, reforçar a desinfecção de objetos e superfícies com hipoclorito de sódio;
• Evitar tomar banho em águas potencialmente contaminadas, como riachos e enchentes;
• Usar preservativo e reforçar a higiene pessoal antes e após relações sexuais.
A vacina contra hepatite A é a principal forma de prevenção e integra o Calendário Nacional de Imunização. Crianças devem receber uma dose aos 15 meses de idade, podendo ser administrada entre 12 meses e 4 anos, 11 meses e 29 dias. Em adultos, a imunização está disponível para grupos prioritários e em campanhas emergenciais.