Por Redação
A multinacional Bracell confirmou novos avanços no projeto de instalação de uma fábrica de celulose em Mato Grosso do Sul e passou a priorizar Bataguassu como local do investimento, estimado em 4,5 bilhões de dólares (cerca de R$ 25 bilhões). A mudança de foco, que antes considerava Água Clara, ficou evidente durante uma reunião entre executivos da empresa e a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), nesta quarta-feira (2), em Brasília.
Segundo a assessoria da parlamentar, os representantes da Bracell, Manoel Browne e Guilherme Farhat, solicitaram apoio para melhorias na BR-158. A rodovia será impactada pelo aumento do tráfego de caminhões caso a fábrica seja instalada em Bataguassu. O deslocamento da produção até Aparecida do Taboado, onde há ligação ferroviária para o Porto de Santos, passará por cidades como Brasilândia, Três Lagoas e Selvíria.
O executivo Manoel Browne detalhou que a operação da fábrica resultará em um acréscimo de aproximadamente 80 mil caminhões por ano, ou mais de 200 por dia, circulando pela BR-158 e pela MS-395. Diante disso, a empresa cobra melhorias como recuperação da pista, inclusão de acostamentos e construção de terceiras faixas em trechos de aclive. Outras rodovias, como a BR-267 e a MS-040, já estão incluídas em um pacote de privatização conduzido pelo Governo do Estado, que prevê investimentos na infraestrutura viária da região.
Em novembro de 2024, durante o Fórum Empresarial Brasil-Indonésia, no Rio de Janeiro, a Bracell anunciou a intenção de construir a unidade em Água Clara. O projeto previa uma produção anual de 2,8 milhões de toneladas de celulose e poderia gerar cerca de 10 mil empregos na construção e 3 mil na fase operacional. Estudos ambientais chegaram a ser iniciados para a área.
No entanto, poucas semanas depois, a empresa solicitou um novo termo de referência para avaliar a viabilidade de instalação da fábrica em Bataguassu. Desde então, o local ganhou prioridade, especialmente porque a Bracell já possui aproximadamente 100 mil hectares de plantação de eucalipto na região. Apesar de não haver um anúncio oficial sobre a mudança, a fala dos representantes da empresa na reunião com a senadora reforça a decisão de concentrar o investimento no município.
Se concretizado, o projeto será um dos maiores investimentos privados da história de Mato Grosso do Sul. A previsão é de que, durante as obras, a fábrica empregue entre 7 mil e 12 mil trabalhadores. Após o início da operação, serão 7 mil empregos permanentes, distribuídos entre a indústria (3 mil postos) e a área florestal (4 mil postos).
Mato Grosso do Sul como polo da celulose
Caso a unidade da Bracell se confirme em Bataguassu, Mato Grosso do Sul consolidará sua posição como um dos principais polos da celulose no país. O estado já abriga quatro fábricas do setor:
• Suzano (Três Lagoas): Inaugurada em 2009 e posteriormente expandida;
• Eldorado Celulose (Três Lagoas): Ativa desde 2012, com plano de ampliação em disputa entre acionistas;
• Suzano (Ribas do Rio Pardo): Entrou em operação em 2023, com investimento de R$ 22 bilhões, sendo a maior do mundo em linha única;
• Arauco (Inocência): Em fase de implantação, com investimento de 4,6 bilhões de dólares e previsão de produção de 3,5 milhões de toneladas anuais.
Toda a produção tem como principal destino a exportação via Porto de Santos, e a infraestrutura logística é um ponto estratégico para a operação das indústrias. Por isso, a Bracell reforça a necessidade de melhorias nas rodovias que conectam Bataguassu ao sistema ferroviário, garantindo o escoamento eficiente da produção.