Por Redação
As exportações de Mato Grosso do Sul para os Estados Unidos registraram um salto expressivo de 175% entre 2020 e 2024, saindo de US$ 243 milhões para US$ 669,5 milhões, conforme dados da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação). Com esse avanço, os EUA se consolidaram como um dos principais destinos dos produtos sul-mato-grossenses, ao lado dos mercados asiático e europeu.
Somente nos dois primeiros meses de 2025, o Estado já movimentou US$ 84,7 milhões em exportações para os norte-americanos — o equivalente a 12,6% do total registrado em todo o ano passado. Se mantido esse ritmo, o volume pode crescer ainda mais até dezembro. No entanto, a decisão recente do governo dos EUA de aplicar uma tarifa de 10% sobre todas as importações brasileiras, a partir de 5 de abril, levanta alerta para possíveis perdas na competitividade dos produtos locais.
O saldo da balança comercial de Mato Grosso do Sul com os EUA é historicamente positivo. Enquanto as exportações mais que dobraram desde 2020, as importações oscilaram entre US$ 90 milhões e US$ 148,8 milhões no período. Com isso, o superávit estadual passou de US$ 152,7 milhões para US$ 520,6 milhões — um crescimento de 241%.
Entre os principais itens enviados aos EUA em 2024, destacam-se a celulose (US$ 213,4 milhões, equivalente a 31,8% do total), a carne bovina e seus derivados (US$ 225,6 milhões, ou 33,7%) e óleos e gorduras de origem animal (US$ 46,1 milhões). Todos esses produtos estão no grupo que pode ser diretamente afetado com o novo imposto, que tornará os produtos brasileiros mais caros no mercado americano.
“Nos últimos cinco anos, Mato Grosso do Sul teve um crescimento expressivo de 175% nas exportações para os Estados Unidos, alcançando US$ 669 milhões em 2024. O mercado norte-americano é estratégico para o estado, especialmente para a carne bovina, celulose e óleos, que juntos representam a maior parte das vendas. No entanto, a nova tarifa de 10% sobre as importações brasileiras imposta pelo governo americano deve impactar diretamente a competitividade desses produtos. Esse custo adicional de cerca de US$ 66 milhões pode ser repassado ao consumidor americano ou diluído ao longo da cadeia produtiva, afetando desde as empresas exportadoras até os produtores rurais sul-mato-grossenses”, avaliou o secretário Jaime Verruck, da Semadesc.
Ele defende que o governo federal avalie medidas diplomáticas para reverter ou atenuar os efeitos da nova tarifa. “Retaliações podem ser complexas, e a solução mais viável seria negociar a redução das alíquotas para minimizar os impactos ao setor produtivo. Mato Grosso do Sul já abastece outros mercados, como China e Europa, e redirecionar totalmente as exportações não seria simples. A prioridade, agora, é buscar formas de manter a competitividade, reduzir custos e entender os desdobramentos dessa tarifação nos próximos meses”, finalizou o secretário.