Por Lauren Netto
O Governo de Mato Grosso do Sul delimitou uma área de 160 mil hectares no Pantanal para a realização de estudos com vistas à criação de uma nova unidade de conservação ambiental. A medida foi publicada no Diário Oficial do Estado (DOE) desta segunda-feira (7) e atinge a região do Baixo Rio Taquari, em Corumbá.
O prazo para conclusão dos estudos é de 210 dias, sem possibilidade de prorrogação. Durante esse período, atividades com potencial de causar degradação ambiental estão proibidas, como o corte raso da vegetação nativa, exploração de recursos naturais e empreendimentos de impacto. Permanecem autorizadas as atividades agropecuárias e obras públicas licenciadas conforme a legislação vigente. A área tem perímetro de 291,6 mil metros.
A iniciativa integra os esforços para conter os impactos ambientais na região, intensificados desde a década de 1970 com o avanço da colonização e a perda de vegetação nativa. A erosão e o assoreamento modificaram o curso do Rio Taquari, tornando-o um sistema instável. Um dos efeitos mais graves foi a formação de áreas permanentemente alagadas, que hoje somam cerca de 11 mil km² — área semelhante à do Catar.
O governo estadual também busca apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para ampliar os recursos já garantidos de R$ 10 milhões destinados à contenção da erosão e do assoreamento que afetam o Pantanal, o Cerrado e as comunidades locais.
Ações de recuperação ambiental
A nova delimitação se soma a outras ações de recuperação ambiental em curso no Estado. Em março, o governo declarou como de utilidade pública duas áreas da Fazenda Taquari, que somam 121 hectares, para integrar o Parque Estadual das Nascentes do Rio Taquari. As áreas estão localizadas nos municípios de Costa Rica e Alcinópolis.
No ano passado, o parque foi palco do maior projeto de recuperação ambiental do Brasil. Com o plantio de mais de 270 mil mudas, a ação “Sementes do Taquari” incluiu a correção de 29 voçorocas e práticas de conservação do solo em cerca de 40 hectares. A iniciativa contou com apoio de empresas privadas e ONGs.
Segundo o geógrafo Rômulo Louzada, responsável técnico pelo projeto, “as voçorocas geralmente são causadas pela combinação de chuvas intensas, falta de cobertura vegetal e práticas inadequadas de manejo do solo”, o que contribui para a degradação ambiental e a perda de terras férteis.
Importância do Taquari
Com o maior leque aluvial do mundo, o Rio Taquari é um dos principais formadores do Pantanal. Estudos apontam que a bacia do Alto Taquari abrange cerca de 29 mil km², enquanto o leque aluvial chega a 5 mil km². O rio contribui com 16% da formação do bioma pantaneiro.
Um projeto de recuperação do Rio Taquari foi anunciado em fevereiro e terá investimento de R$ 6,7 milhões ao longo de quatro anos. O objetivo é frear os danos causados pela erosão e o assoreamento, que ameaçam ecossistemas e modos de vida na região.