Estevão Petrallás assume comando da Federação de Futebol de MS até 2027

Eleição ocorre 10 meses após prisão de Francisco Cezário, investigado por desviar mais de R$ 6 milhões da Federação

08/04/2025 00h00 - Atualizado há 2 meses

Por Lauren Netto

Após quase um ano de comando interino, Estevão Petrallás foi oficialmente eleito presidente da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul (FFMS). A eleição ocorreu nesta terça-feira (8), em Campo Grande, durante Assembleia Geral Extraordinária que marcou a sucessão definitiva na entidade esportiva.

Petrallás já estava à frente da Federação desde junho de 2023, quando assumiu o cargo interinamente após a prisão do então presidente Francisco Cezário, durante a deflagração da Operação Cartão Vermelho, que investiga um esquema milionário de desvios na entidade.

A eleição reuniu 51 filiados aptos a votar, entre clubes profissionais e amadores. O novo presidente exercerá mandato até 2027. Na apuração dos votos, Petrallás obteve 48, enquanto André, presidente afastado do Costa Rica, recebeu 39. A votação teve pesos diferentes, conforme a participação dos clubes nas competições estaduais ou o caráter amador das agremiações.

A escolha do novo presidente ocorre 321 dias após o afastamento de Francisco Cezário, que comandava a FFMS desde 1998. Ao longo de mais de duas décadas no cargo, Cezário acumulou influência e sobreviveu a disputas judiciais — como a que tentou barrar sua reeleição em 2022 — e também manteve vínculos com a alta cúpula da CBF.

Durante seu período à frente da Federação, chegou a ser convocado pela Confederação Brasileira de Futebol, em 2014, para participar de um grupo responsável por discutir as novas regras de transferências de atletas. Nos bastidores, era conhecido por sua proximidade com nomes controversos da entidade nacional, como Marco Polo Del Nero, que foi banido do futebol pela Fifa em 2018 por envolvimento em casos de corrupção.

Operação Cartão Vermelho

Cezário foi preso em junho de 2023, alvo da Operação Cartão Vermelho, conduzida pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), braço do Ministério Público Estadual. A investigação durou 20 meses e revelou desvios milionários de recursos repassados à Federação por meio de convênios com o governo estadual e repasses da CBF.

Segundo o Gaeco, a organização criminosa realizava saques em valores inferiores a R$ 5 mil, para não levantar suspeitas dos órgãos de controle. Ao todo, mais de 1,2 mil retiradas em espécie foram identificadas, somando cerca de R$ 3 milhões.

Além dos saques, a apuração revelou um esquema paralelo envolvendo diárias de hotéis pagos pelo governo para sediar partidas do Campeonato Estadual. Parte dos valores era devolvida em espécie a integrantes do esquema. No total, em pouco mais de quatro anos, os desvios superaram R$ 6 milhões.


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