Por Lauren Netto
Em audiência pública realizada em Corumbá, a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) anunciou um pacote de R$ 47 milhões voltado à gestão ambiental e ao monitoramento da Hidrovia do Rio Paraguai. O projeto, considerado estratégico para a logística do governo federal, visa conciliar o desenvolvimento econômico de Mato Grosso do Sul com a preservação do bioma pantaneiro.
Apesar das preocupações de ambientalistas e comunidades locais, o governo assegura que a iniciativa não envolve privatização do rio e que as obras seguirão critérios técnicos rigorosos, com foco em sustentabilidade. Entre as medidas anunciadas estão a ampliação do monitoramento hidrológico, investimentos em segurança da navegação e a execução de dragagens com impacto ambiental minimizado.
Segundo o secretário Jaime Verruck, da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), o compromisso do governo é garantir que o progresso da infraestrutura aconteça de forma integrada à conservação ambiental. “Queremos garantir que o avanço da infraestrutura caminhe ao lado da preservação de um dos ecossistemas mais ricos do mundo”, destacou.
Ações previstas incluem:
• Monitoramento do nível do rio: Instalação de 50 réguas fluviométricas, substituindo as 12 atualmente em operação.
• Modernização da navegação: Atualização dos sistemas de tráfego (VTS e RIS) com dados em tempo real para maior eficiência e segurança.
• Sinalização da hidrovia: Melhoria no balizamento para facilitar a navegação em períodos críticos.
• Dragagem com responsabilidade ambiental: Intervenções mínimas para manter a navegabilidade, acompanhadas de um estudo de impacto estimado em R$ 16,5 milhões.
A audiência pública contou com a presença de pesquisadores, ambientalistas, representantes de comunidades ribeirinhas e da sociedade civil. A escuta ativa desses grupos foi considerada essencial para a construção de um projeto sustentável e legítimo.
Durante a apresentação, autoridades compararam o potencial da hidrovia brasileira ao do Rio Mississippi, destacando a importância de um planejamento técnico e sensível à realidade do Pantanal.
Para o coordenador de Mineração da Semadesc, Eduardo Pereira, o objetivo é transformar a hidrovia em um corredor logístico eficiente, seguro e sustentável.
“A modernização do sistema hidroviário não apenas impulsiona a economia regional, como também protege vidas e valoriza o conhecimento local das comunidades que há séculos convivem com o rio”, concluiu o secretário Jaime Verruck.