Por Lauren Netto
O escritor peruano Mario Vargas Llosa faleceu neste domingo (13), em Lima, aos 89 anos. A informação foi confirmada pelos filhos Álvaro, Gonzalo e Morgana, em nota que enaltece a trajetória do autor, marcada por uma produção literária extensa e influente.
De acordo com a família, não haverá cerimônia pública. O corpo de Vargas Llosa será cremado, conforme sua vontade.
Vencedor do Prêmio Nobel de Literatura em 2010, Vargas Llosa construiu uma carreira sólida com obras que atravessam gerações e moldaram a literatura contemporânea. Entre seus livros mais conhecidos estão Conversa no Catedral, A Cidade e os Cachorros e A Festa do Bode — este último, um retrato impactante da ditadura de Rafael Trujillo na República Dominicana.
Nascido em 1936, na cidade de Arequipa, no Peru, foi um dos expoentes do chamado “boom” da literatura latino-americana, ao lado de nomes como Gabriel García Márquez e Julio Cortázar. Sua obra mergulhou em temas como autoritarismo, liberdade e as contradições da condição humana.
Desde sua estreia com Os Chefes, em 1959, até o lançamento de Dedico a Você Meu Silêncio, em 2023, Vargas Llosa produziu romances, ensaios, peças de teatro e artigos jornalísticos. Também teve papel ativo nos debates políticos e sociais ao longo das décadas, com posições que uniam liberalismo econômico e valores progressistas, o que frequentemente despertava reações diversas do público e da crítica.
A Academia Sueca, ao lhe conceder o Nobel, destacou sua capacidade de “mapear as estruturas do poder” e de criar “imagens cortantes da resistência, rebelião e derrota do indivíduo”.
Além da intensa atividade intelectual, sua vida pessoal também esteve sob os holofotes. Foi casado com sua prima Patricia Llosa, com quem teve três filhos, e manteve posteriormente um relacionamento com a socialite Isabel Preysler.
Vargas Llosa era membro da Real Academia Espanhola e, em 2021, foi aceito como imortal na Académie Française — feito raro para um escritor que publicou exclusivamente em espanhol.