Por Lauren Netto
A avicultura de postura segue em ritmo acelerado em Mato Grosso do Sul. Segundo dados do IBGE, o Estado produziu 1,1 bilhão de ovos em 2023, com destaque para os municípios de Terenos (34,62%), Ivinhema (29,13%) e Dourados (6,39%), responsáveis por mais da metade da produção. Também figuram entre os maiores produtores Sidrolândia, Jateí, Cassilândia, São Gabriel do Oeste, Água Clara e Douradina.
Apesar do alto consumo interno, as exportações vêm ganhando espaço, especialmente com o aumento da demanda dos Estados Unidos. A quantidade enviada ao país norte-americano tem dobrado a cada ano: em 2023, foram embarcados 1,14 milhão de quilos; em 2024, o volume chegou a 2,09 milhões. Apenas no primeiro trimestre deste ano, já foram exportados 840 mil quilos.
A ampliação do mercado internacional está relacionada ao impacto da gripe aviária nos EUA, que provocou a eliminação de 123 milhões de aves desde 2022. O cenário elevou os preços no país e intensificou a busca por fornecedores externos. Com isso, o Brasil tornou-se o maior exportador de ovos para os Estados Unidos no primeiro trimestre de 2024, com aumento de 346% nas vendas — totalizando 2.705 toneladas, de acordo com a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal).
Além dos EUA, outros países também adquiriram ovos sul-mato-grossenses este ano, como Chile (236 mil quilos), Colômbia (72 mil quilos) e Filipinas (24,3 mil quilos).
Para o secretário executivo de Desenvolvimento Econômico Sustentável da Semadesc, Rogério Beretta, a produção de ovos é uma alternativa promissora para o Estado. Ele destaca como vantagens a ampla produção de grãos, os níveis elevados de sanidade e biossegurança e a logística estratégica para atender outras regiões do Brasil e países vizinhos.
Nesse cenário de expansão, as duas maiores produtoras do setor no Estado — a cooperativa Camva e o Grupo Yabuta — projetam aumento significativo na produção. A Camva, que já opera com cerca de 1 milhão de ovos por dia, planeja expandir seus aviários de acordo com a demanda, conforme explicou o diretor administrativo Issao Kurokawa.
Já o Grupo Yabuta, que atualmente produz 2,4 milhões de ovos por dia, aposta em um novo complexo em construção no distrito de Nova Casa Verde, em Nova Andradina. A estrutura contará com cinco aviários e uma fábrica de ração própria, com previsão de funcionamento a partir de 2027. Com isso, a produção diária da empresa no Estado deve saltar para 3,8 milhões de ovos.
Para viabilizar o empreendimento, o Governo do Estado, em parceria com a prefeitura local, realizou obras de infraestrutura no acesso à nova unidade. “É um investimento importante, gera muitos empregos e traz desenvolvimento para o Estado”, afirmou o secretário da Semadesc, Jaime Verruck, ao destacar o compromisso da gestão estadual com iniciativas de impacto econômico.