Por Lauren Netto
Com foco na saúde reprodutiva e na redução de gestações não planejadas, o Governo de Mato Grosso do Sul tem fortalecido a distribuição gratuita dos LARCs (Métodos Contraceptivos de Longa Duração), como os dispositivos intrauterinos (DIUs) e implantes subdérmicos. Somente entre 2023 e 2024, mais de 23 mil unidades foram repassadas aos municípios pela Secretaria de Estado de Saúde (SES).
A iniciativa faz parte da implementação do Protocolo Estadual de Atenção à Saúde Reprodutiva, lançado em 2020 e revisado em 2022, que orienta a padronização da oferta desses métodos em todo o estado. A estratégia é voltada especialmente a adolescentes, mulheres em situação de vulnerabilidade social, com comorbidades ou que estejam no pós-parto ou pós-aborto imediato.
O protocolo recomenda a oferta de métodos de alta eficácia, como o DIU de cobre, o DIU hormonal com levonorgestrel (comercializado como Mirena® e Kyleena®) e o implante subdérmico de etonogestrel (Implanon®), que apresentam eficácia superior a 99% na prevenção de gravidez.
“A ampliação da oferta de métodos contraceptivos de longa duração, aliada à capacitação técnica das equipes, é uma estratégia fundamental para qualificar a atenção à saúde reprodutiva no SUS. Com profissionais habilitados e fluxos bem estruturados, conseguimos garantir acesso seguro e eficaz aos LARCs, impactando diretamente na redução de gestações não planejadas e contribuindo para a diminuição da mortalidade materna, especialmente em regiões de maior vulnerabilidade”, avalia a gerente Francielly Rosiani da Silva.
Capacitação e continuidade do cuidado
Desde 2017, a SES mantém parceria com a Sogomat-Sul (Associação de Ginecologia e Obstetrícia de Mato Grosso do Sul) para promover oficinas itinerantes de capacitação de profissionais da saúde. No período, cerca de 480 profissionais foram capacitados, sendo 345 médicos habilitados a realizar a inserção dos contraceptivos de longa duração.
As oficinas incluem também conteúdos atualizados sobre o manejo de emergências obstétricas, como hemorragias, hipertensão gestacional e sepse, além do pré-natal de risco habitual com estratificação de risco.
Durante a parte prática das formações, mais de 1.767 mulheres receberam gratuitamente os métodos, garantindo o acesso ao serviço logo após as capacitações. Os profissionais treinados passaram a realizar os procedimentos em unidades de saúde municipais, ampliando o alcance da política pública.
O fortalecimento do acesso a métodos contraceptivos, aliado à formação continuada e ao monitoramento da saúde materna, contribuiu diretamente para a redução da razão de mortalidade materna no estado. Os dados mais recentes do Comitê Estadual de Estudos de Óbitos Maternos, Fetais e Infantis apontam uma queda de 30%, com a razão passando de 54,9 em 2023 para 38,2 em 2024.
