Por Lauren Netto
O lançamento da pedra fundamental da nova fábrica de celulose da Arauco, em Inocência, reforçou o protagonismo de Mato Grosso do Sul no cenário global de investimentos. Durante o evento, o CEO global da empresa, Cristián Infante, destacou o ambiente positivo encontrado no Estado para negócios de grande porte.
“Mato Grosso do Sul mostrou seriedade e profissionalismo que contrasta com a burocracia de outros lugares do mundo onde nós atuamos. Aqui encontramos um ambiente profissional sem burocracia e que criou o cenário favorável de negócios que prometeu. Quando nós juntamos competência e excelência com certeza nesse Estado pode ser desenvolvido qualquer negócio global”.
A declaração foi citada pelo secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, durante palestra no Fórum Agro Lide, na Expogrande. Ele ressaltou que o Estado vem sendo reconhecido mundialmente como “Vale da Celulose”, devido à excelência tecnológica e ao avanço logístico que garantem produtividade e sanidade florestal.
“Muitos de vocês já viram, a gente se autodesignou Vale da Celulose, no Mato Grosso do Sul. Isso já pegou no mundo. As pessoas perguntam: por que Vale da Celulose? E a gente explica: temos o Estado da arte da tecnologia em celulose, da clonagem de eucalipto, da produtividade e da sanidade florestal. Estamos avançando agora na logística, com investimentos em ferrovias para ampliar a competitividade. Quando se fala em celulose no mundo, se fala em Mato Grosso do Sul”, comentou Verruck.
O governador Eduardo Riedel, também presente no evento, pontuou os pilares que sustentam o crescimento do Estado: segurança jurídica, transição energética, sustentabilidade e potencial agroindustrial.
“Uma fortaleza gigante e global que temos aqui é a transição energética, a produção de alimentos e a sustentabilidade. Essas são nossas fortalezas. o Governo do Estado apostou alto na atração, diversificação e na completude da cadeia produtiva de todas essas áreas”.
Riedel ainda destacou o impacto direto da instalação da nova unidade da Arauco em Inocência, que já emprega 3,8 mil trabalhadores na fase de construção, gerando oportunidades para a população local e impulsionando a economia regional.
“Isso faz girar a nossa economia, e por tudo isso que vem acontecendo é que a gente tem expectativa de ser o estado que mais vai crescer”, afirmou o governador, ressaltando que o ambiente de negócios competitivo depende de estabilidade e ordem.
“O capital privado vem sendo bem alocado no Estado. Para isso a gente tem que ter esse bom ambiente de negócios que criamos, infraestrutura, atratividade tributária, e segurança jurídica. Não aceitamos desordem, invasão, confusão, estrago. Não tem como um ambiente produtivo ser fértil, onde a gente fica negociando algumas coisas que não cabem mais nos dias de hoje. Tem uma ou outra demanda que a gente pode tratar de outra forma, mas não dessas que citei”.
Durante a palestra, Verruck apresentou dados do setor florestal que colocam Mato Grosso do Sul como segundo maior produtor de madeira em tora para papel e celulose do país, com mais de 1,6 milhão de hectares de florestas plantadas e 30 indústrias ativas. A cadeia florestal gera mais de 26 mil empregos diretos e indiretos.
“Temos o maior parque industrial do Brasil nesse segmento e mais de 26 mil empregos gerados direta e indiretamente pela cadeia florestal”, reforçou.
O secretário também afirmou que o Estado já realizou sua transição energética e hoje possui a matriz mais limpa do Brasil, consolidando-se como um território agroambiental.
“Nós escolhemos três setores: o florestal, a proteína animal — bovinos, aves, suínos e peixes — e, por fim, o setor da biodiversidade. Confirmamos a estratégia de posicionar o Estado como referência em sustentabilidade. Somos um Estado que contribui para a segurança ambiental do mundo”.
Projeções para 2025 apontam um crescimento do PIB de 4,2%, com 15,3% do orçamento estadual destinado a investimentos públicos e um dos menores índices de pobreza extrema do país.
Suinocultura em expansão
A suinocultura também se destaca como vetor de crescimento. Durante o 3º Encontro de Lideranças da Suinocultura da ASUMAS, realizado na Expogrande, foi apresentada a projeção de crescimento de 49% no plantel de matrizes até 2025, totalizando 152 mil fêmeas.
O avanço da atividade se deve a incentivos como o programa Leitão Vida e à biosseguridade da produção, que atraiu grandes empresas como Seara, em Dourados, e Aurora, em São Gabriel do Oeste.
O gerente regional da Seara, Márcio Polazzo, destacou a estratégia de longo prazo da empresa, que prevê a ampliação da planta em Dourados.
“A posição de mercado, a nossa estratégia de mercado da JBS, é uma estratégia pensando sempre no longo prazo. A consciência que a gente tem de qualquer crescimento econômico é pensando nos momentos de mercado que tem agora e nas projeções que a gente pode ter no futuro. Em Mato Grosso do Sul nós ‘startamos’ tendo um projeto ambicioso de ampliar a nossa unidade de Dourados. Elevando a uma produção que estava em cerca de 4 mil suinos dia para 10 mil suinos por dia”.
Segundo ele, mesmo com os desafios enfrentados nos últimos anos, o plano de expansão da Seara continua firme:
“Nós traçamos esse plano lá em meados de 2019, 2020. De lá para cá, muita coisa aconteceu. Tivemos a covid e uma crise terrível na suinocultura. Mas acreditamos que esses são ciclos e a gente precisa muito aprender com eles. Isso nos tornou convictos e crentes na continuidade desse crescimento, de tal modo que ao final desse ano ou do ano que vem, talvez a gente já conclua essa nossa planta de abate em Dourados, que é um dos nossos principais polos, o maior polo de suínos do nosso grupo no Brasil”.
“Trabalhando cada vez mais com qualidade dentro dos nossos produtos, com custos competitivos”.
Para Jaime Verruck, os dados apontam que Mato Grosso do Sul será o estado com maior crescimento econômico em 2025, impulsionado por investimentos privados, inovação e equilíbrio fiscal.
“Essa força do crescimento vem do equilíbrio fiscal, do domínio constitucional adequado, do investimento privado, da tecnologia, e da modernização”.
“Eu acho que a gente pode apresentar isso aqui. A gente apresentou tantas cadeias produtivas novas: soja, florestas, citrus. Já somos os líderes do país na produção de amendoim. Mais uma indústria na área de florestas foi anunciada na semana passada. Então, essa composição faz realmente com que o Mato Grosso do Sul consiga mostrar ao país um modelo que vai do equilíbrio fiscal à parceria público-privada, ao desenvolvimento das pessoas”.
Encerrando sua apresentação, Verruck afirmou que a gestão estadual tem uma visão estratégica clara de desenvolvimento econômico.
“Queremos levar este Estado adiante, assumindo uma visão estratégica, uma missão de cumprir toda a questão da produção, da sustentabilidade ambiental, da agricultura familiar, da ciência, da tecnologia e da inovação. Isso tudo está muito interligado, e a gente realmente encara isso como uma missão”.