Por Lauren Netto
O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, afirmou nesta quinta-feira (17) que o Brasil está “na iminência” de receber autorização do governo chinês para começar a exportar pescado ao país asiático. A declaração foi feita durante entrevista coletiva após reunião do grupo de trabalho de agricultura dos Brics, no Palácio do Itamaraty.
Segundo o ministro, uma nova rodada de conversas está prevista para a próxima terça-feira (22), em Brasília, quando secretários do Ministério da Agricultura se encontrarão com representantes do governo chinês. Na pauta, além do pescado, estarão negociações sobre exportações de frutas, carnes e grãos secos de destilaria, subproduto do etanol de milho.
Durante o encontro dos Brics, Fávaro destacou que o atual cenário de tensão comercial iniciado pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, apesar de negativo para a economia global, representa uma chance para ampliar as vendas brasileiras, especialmente para países como a China. “Isso é resultado do aviso que eles deram: pessoal, vamos priorizar suínos e aves, deixem um pouquinho mais para a frente para pensar em ampliação de bovinos”, afirmou.
Apesar da recente reprovação, por parte do governo chinês, de pedidos de 28 frigoríficos brasileiros para exportação de carne bovina, Fávaro avaliou a situação como estratégica. De acordo com ele, a China tem priorizado a compra de carne suína e de aves neste momento.
O ministro ainda afirmou que o Brasil tem potencial para expandir sua área de produção agrícola em até 40 milhões de hectares, utilizando terras degradadas. Ele também mencionou a expectativa de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva receba em breve, da Organização Mundial de Saúde Animal, o reconhecimento de que o Brasil é livre de febre aftosa sem vacinação, o que pode abrir portas para novos mercados, como o Japão.
Ainda nesta quinta-feira, o grupo de agricultura dos Brics deve divulgar uma declaração conjunta com propostas para as reuniões de cúpula marcadas para julho, no Rio de Janeiro. Entre os temas em destaque estão o financiamento para segurança alimentar, impactos das mudanças climáticas e investimentos em agricultura familiar. A criação de uma bolsa de grãos dos Brics, proposta pela Rússia, segue em discussão e não será incluída no documento final, segundo a secretária-executiva do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Fernanda Machiaveli.