Por que o ovo de Páscoa ficou ainda mais caro em 2025? Entenda

Fatores como clima, pragas e câmbio pressionam o mercado de chocolate

20/04/2025 00h00 - Atualizado há 2 meses

Por Lauren Netto

Os tradicionais ovos de Páscoa, que sempre figuraram entre os itens sazonais mais caros, estão ainda mais pesados no bolso dos consumidores em 2025. De janeiro a fevereiro deste ano, o preço médio dos produtos subiu 9,5%, segundo levantamento da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). O valor acumulado dos últimos três anos chega a 43%.

O maior salto foi registrado em 2023, com alta de 18,61%. No ano passado, o aumento ficou em 10,33%, ainda assim acima da inflação. A tendência segue neste ano, impulsionada pelos altos custos de produção da indústria de chocolates.

O cacau, principal insumo, segue com preços elevados no mercado internacional. Apesar de estar abaixo dos recordes de 2023, o cenário ainda é de oferta apertada e instabilidade na produção. Fatores logísticos e problemas climáticos nos países produtores continuam a sustentar a valorização do produto nas bolsas de commodities.

Outros insumos também tiveram aumentos significativos, como açúcar, leite, embalagens, transporte e energia elétrica. Além disso, a alta do dólar impacta o setor, já que boa parte dos materiais utilizados na fabricação dos chocolates é importada.

Diante desse cenário, grandes marcas no Brasil adotaram estratégias para minimizar os impactos. A produção de ovos de Páscoa foi reduzida em cerca de 10%, com foco maior em alternativas mais acessíveis, como tabletes e bombons. Além disso, muitos produtos passaram por uma redução de tamanho sem alteração no preço final — movimento conhecido como “reduflação”.

Entenda a alta do cacau

Dois países concentram cerca de 60% da produção mundial de cacau: Costa do Marfim e Gana. Ambos enfrentaram problemas climáticos nos últimos anos, com excesso de chuvas seguidas por períodos de seca. Isso reduziu a produtividade das plantações e favoreceu o avanço de doenças como a vassoura-de-bruxa e a podridão-marrom.

Com a oferta em baixa, o preço da tonelada de cacau disparou. Em 2024, o valor chegou a saltar de US$ 5 mil para mais de US$ 12 mil na Bolsa de Nova York, representando uma alta de cerca de 150%. Atualmente, o preço oscila entre US$ 7,9 mil e US$ 8 mil, a depender do contrato de vencimento.

No Brasil, maior produtor de cacau da América Latina, os estados da Bahia e do Pará também enfrentam desafios semelhantes. O país vem sofrendo com a queda na produção, afetada por pragas e pelo abandono de áreas antes dedicadas ao cultivo, que migraram para atividades mais rentáveis.


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