Autoridades negociam voo direto entre Campo Grande e destinos turísticos do Chile

Proposta faz parte de esforço conjunto para fortalecer a Rota Bioceânica e atrair turistas

20/04/2025 00h00 - Atualizado há 2 meses

Por Redação

Campo Grande pode se tornar ponto de partida para voos diretos ao norte do Chile. A possibilidade foi debatida após o presidente chileno Gabriel Boric afirmar, na terça-feira (22), em Brasília, que a Rota Bioceânica é prioridade para o país. A declaração foi feita durante encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A rota interligará Brasil, Paraguai, Argentina e Chile, cortando Mato Grosso do Sul por Porto Murtinho e encurtando em até dez dias o tempo de transporte de cargas para a Ásia. A partir disso, governos e autoridades dos dois países começaram a traçar estratégias para ampliar a conexão entre os territórios, inclusive com novas linhas aéreas.

A subsecretária de Turismo do Chile, Veronica Pardo, revelou em entrevista ao Broadcast que o foco está em uma ligação direta entre Campo Grande e a cidade de Antofagasta, na região Norte Grande do Chile. Atualmente, brasileiros só chegam ao local fazendo várias conexões.

A região contempla destinos como Arica, Tocopilla, Calama, Antofagasta e Iquique, sendo esta última incluída no mapa por integrar o traçado da Rota Bioceânica. Pardo destacou que o Brasil é um parceiro estratégico, com potencial de lucro para os dois lados.

Os números demonstram esse avanço. O Chile recebeu 247 mil turistas brasileiros em 2022; em 2024, esse número chegou a 787 mil — aumento de 223%. Já os visitantes chilenos no Brasil saltaram de 202 mil, em 2022, para 235 mil em 2024, representando crescimento de 218%.

“Se conseguirmos manter o mesmo patamar do ano passado, já será positivo. O desafio é apresentar regiões do Chile que não são conhecidas pelos brasileiros”, disse a subsecretária.

Atualmente, há quinze rotas internacionais que saem de 11 estados brasileiros com destino ao Chile, todas com desembarque em Santiago. A proposta é descentralizar essa conexão.

Com um voo direto partindo de Campo Grande, os turistas teriam acesso facilitado a pontos como o El Morro de Arica, Parque Nacional Lauca, praias e balneários, os geoglifos do Vale de Lluta, além da Praia Cavancha, Zona Franca e Centro Histórico de Iquique. A região também é próxima ao Deserto do Atacama, que atrai visitantes interessados em observação astronômica e paisagens geológicas únicas.

A subsecretária também afirmou que já houve reuniões com a Embratur para discutir o funcionamento das companhias aéreas e a viabilidade das novas rotas. “No momento, nosso foco é a rota de Campo Grande. Mas estamos abertos a outros estados. Os governadores podem contribuir, subsidiando os primeiros voos de uma nova rota”, disse Pardo.

Em julho de 2024 o governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), tratou da criação de um voo direto entre Campo Grande e Iquique durante a abertura de um escritório estadual na cidade chilena.

A aproximação entre os países também é impulsionada pelo Programa de Aceleração do Turismo Internacional (PATI), lançado pelo Governo Federal em 2024. A iniciativa investiu R$ 3,3 milhões para garantir 70 mil assentos em voos internacionais na temporada 2024/2025, entre 27 de outubro e 30 de março.

Neste ano, o valor destinado ao PATI subiu para R$ 63,6 milhões. O recurso pode ser acessado por companhias aéreas interessadas em criar novas rotas ou ampliar a oferta de voos internacionais, como o que está sendo discutido entre Campo Grande e o Chile.


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