Por Lauren Netto
O Brasil ultrapassou a marca de 1 milhão de casos prováveis de dengue em 2025. Dados atualizados do Painel de Monitoramento de Arboviroses, do Ministério da Saúde, indicam 1.019.033 notificações desde o início do ano. O número de mortes confirmadas pela doença chegou a 681, enquanto outros 714 óbitos seguem em investigação.
Apesar do avanço da dengue neste ano, o cenário é menos grave do que o observado em 2024. Até a 15ª semana epidemiológica do ano passado, o país já acumulava 4.013.746 casos prováveis e 3.809 mortes.
A diferença também se reflete no coeficiente de incidência da doença. Em 2025, o país registra 479,4 casos para cada 100 mil habitantes. No mesmo período de 2024, o índice era quase quatro vezes maior: 1.888,1 casos a cada 100 mil.
O levantamento mostra ainda que a maioria dos casos prováveis envolve mulheres, que representam 55% dos registros. Os homens respondem por 45%.
São Paulo lidera em casos e incidência
O estado de São Paulo tem o maior número de casos prováveis de dengue em 2025, com 590.850 registros e um coeficiente de incidência de 1.285,2 casos por 100 mil habitantes.
Na sequência, o Acre apresenta a segunda maior taxa de incidência, com 888,6 casos a cada 100 mil habitantes — um total de 7.825 registros. Já Minas Gerais aparece em segundo lugar no número absoluto de casos, com 111.096.
Levantamento recente feito pelo Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (SindHosp) indicou aumento nas internações por dengue em unidades privadas de saúde. A sondagem, realizada entre 25 de março e 7 de abril em 97 hospitais, apontou que 89% das instituições registraram crescimento nas internações.
Entre os entrevistados, 76% relataram aumento de até 5% nas internações em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Em 79% dos hospitais, o tempo médio de permanência nas UTIs variou entre cinco e dez dias.
Governo federal amplia ações
Diante do avanço da doença, o Ministério da Saúde ampliou para 312 o número de municípios considerados prioritários no combate à dengue, em 21 estados brasileiros. As ações incluem envio de testes rápidos, apoio laboratorial e mobilização de equipes.
“Distribuímos seis milhões de testes rápidos, além de insumos para diagnóstico laboratorial e controle do vetor. Já foram realizados mais de 650 mil exames laboratoriais pelos LACENs, que são laboratórios estaduais apoiados pelo ministério. E onde houver necessidade, a Força Nacional do SUS será acionada”, informou, em nota, a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Mariângela Simão.
Em fevereiro, o governo federal anunciou a produção da primeira vacina 100% nacional contra a dengue. A previsão é de que mais de 60 milhões de doses sejam disponibilizadas anualmente a partir de 2026.
O imunizante será produzido por meio de uma parceria entre o Instituto Butantan e a empresa WuXi Biologics, com investimento estimado em R$ 1,26 bilhão.