Por Lauren Netto
Mato Grosso do Sul foi o estado com a maior redução na emissão de gases poluentes em 2024, registrando queda de 6,6%, conforme levantamento do Observatório de Inovação e Conhecimento em Bioeconomia (OCBio), da Fundação Getúlio Vargas (FGV). O principal fator para o recuo foi o aumento do consumo de etanol, cuja produção cresceu com a entrada em operação de três usinas de etanol de milho nos últimos anos. Sem o biocombustível, as emissões teriam sido 40% maiores.
O estudo mostra que, mesmo com o crescimento de 3,6% no uso de combustíveis por veículos leves no país, houve uma redução de 0,7% nas emissões de gases de efeito estufa. Em Mato Grosso do Sul, o etanol hidratado ganhou força nos postos, e sua participação no mercado passou de 36,5% para 41,1% entre 2023 e 2024. Já o etanol anidro, misturado à gasolina, teve leve retração de 1,1 ponto percentual.
Segundo o coordenador do núcleo de bioenergia do OCBio, Luciano Rodrigues, a retomada da competitividade do etanol se deu com o retorno dos tributos federais, após a isenção iniciada em 2022 e que durou até meados de 2023. "Com essas alíquotas zeradas, a vantagem do etanol diminuiu – assim como a demanda pelo combustível", explicou à reportagem de O Estado de S. Paulo.
Além do impacto tributário, a supersafra de milho de 2023 aumentou os estoques e reduziu as exportações, ampliando a oferta no mercado interno. A redução de emissões também foi registrada em outros estados, como São Paulo (-5,9%), Distrito Federal (-5%) e Goiás (-3%). Já as maiores altas ocorreram no Piauí (+5,7%), Ceará (+5,1%) e Sergipe (+5,1%). Se não fosse o uso do etanol, as emissões de 2024 teriam chegado a 155 milhões de toneladas — quase 40% a mais do que o volume real, de 110,9 milhões.