Por Redação
O Brasil tem ganhado protagonismo nas exportações agrícolas para a China em meio à crise entre o país asiático e os Estados Unidos, agravada pelas tarifas comerciais impostas pelo ex-presidente Donald Trump. De acordo com o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), na primeira quinzena de abril, as exportações americanas de soja caíram 50%, enquanto as de carne suína recuaram 72%.
Já o Brasil ampliou sua presença no principal porto de grãos da China. Segundo a consultoria Safras & Mercado, cerca de 40 navios brasileiros atracaram em Zhoushan ao longo de abril, representando um aumento de 48% em relação ao mesmo período de 2024. A expectativa é que o terminal Laotangshan descarregue 700 mil toneladas de soja brasileira, volume 32% superior ao do ano passado.
A substituição dos produtos norte-americanos pelos brasileiros se intensificou após a imposição de tarifas de até 15% sobre frango, trigo, milho e algodão dos EUA, além de 10% sobre soja, carne suína, bovina, frutos do mar, frutas, vegetais e laticínios. Em contrapartida, países como Brasil, Argentina e Austrália vêm ganhando espaço por manterem relações comerciais mais estáveis com a China.
Na semana de 11 a 17 de abril, os EUA exportaram apenas 1.800 toneladas de soja ao mercado chinês, contra 72.800 toneladas na semana anterior, conforme dados do USDA. No mesmo período, os cancelamentos somaram 12 mil toneladas de carne suína, resultando em vendas líquidas de apenas 5.800 toneladas, o menor volume para entregas em 2025.
A participação dos EUA nas importações de soja chinesas despencou de 40% em 2016 para 18% em 2024. No mercado de carne suína, os americanos enviaram 416 mil toneladas no último ano, ficando atrás de Brasil e Argentina. O movimento consolida a aproximação estratégica entre Brasil e China no comércio agrícola global.