Onça-pintada que atacou caseiro no Pantanal é transferida para instituto em São Paulo

Felino de nove anos estava abaixo do peso e ganhou 13 kg durante a reabilitação; novo lar abriga animais silvestres sem condições de soltura

14/05/2025 00h00 - Atualizado há 1 mês

Por Redação

A onça-pintada resgatada há 21 dias no Pantanal sul-mato-grossense foi transferida nesta quarta-feira (15) para o município de Amparo (SP), onde passará a viver em um mantenedor de fauna silvestre. O felino, um macho com cerca de nove anos, havia sido levado ao CRAS (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres), em Campo Grande, após ser capturado debilitado em área próxima ao pesqueiro Touro Morto, no encontro dos rios Miranda e Aquidauana.

Quando chegou ao CRAS, no dia 24 de abril, o animal pesava 94 kg, peso considerado abaixo do ideal — que seria cerca de 120 kg. Após três semanas de cuidados veterinários e alimentação especializada, deixou o centro com 107 kg, um ganho de 13 kg.

“Nesse período que ele ficou conosco, de três semanas, diante dos exames que a gente fez quando ele chegou, demos um suporte principalmente nutricional e de hidratação, porque chegou desidratado, com baixo peso. Os primeiros exames deram algumas alterações que eram agudas, mas que ao longo do período foi se tornando estável. O animal ganhou bastante peso, de forma geral evoluiu bem, chegou aqui com 94 quilos e está saindo com 107, devido a uma rotina de alimentação. É um animal carnívoro, então a base da alimentação dele era a carne, e também a gente dava algumas suplementações de tratamento, medicamento, um hepatoprotetor por causa do fígado, mas não tinha nenhum problema de saúde grave”, explicou a veterinária Aline Duarte, gestora do Hospital Veterinário Ayty e coordenadora do CRAS.

O novo lar da onça é o Instituto Ampara Animal, em São Paulo, que abriga atualmente oito felinos da mesma espécie — cinco pintadas e três pardas. O local recebe animais silvestres que, por conta de interferência humana ou outras limitações, não podem retornar à natureza.

Segundo o veterinário e responsável técnico da Ampara Silvestre, Jorge Salomão, o espaço não é aberto ao público e prioriza o bem-estar dos animais. “Os nossos recintos são todos muito grandes, com grotões de mata nativa, cercados. São o mais próximo possível do que o animal iria encontrar em vida livre. A gente tem recintos a partir de mil metros quadrados, até o maior de quase seis mil metros quadrados. Recebemos animais que não podem voltar para a vida livre, por diversos motivos, cada um com o seu motivo específico”.

Para Salomão, o felino representa mais do que um resgate bem-sucedido — trata-se de um símbolo da biodiversidade brasileira. “A espécie é muito importante, sinônimo de ambiente saudável, emblemática, que representa muito o nosso país, que traz muitos benefícios”.

Durante o período em que permaneceu sob os cuidados do CRAS, a onça foi submetida a uma bateria de exames, incluindo raio-x, ultrassom e hemograma, e foi acompanhada por uma equipe veterinária experiente no atendimento a animais da fauna pantaneira.

“A onça-pintada é conhecida como a rainha do Pantanal, é um animal de grande porte, muito bonito e que demonstra a riqueza do nosso bioma, o Pantanal, e do nosso Estado. Então é uma honra a gente poder receber um animal desse e conseguir dar uma destinação correta para ele, assim como outros que já estiveram por aqui. Foi mais uma boa experiência que o CRAS teve, de poder atender adequadamente o animal”, concluiu a veterinária Aline Duarte.

A captura do felino foi realizada por equipes da PMA (Polícia Militar Ambiental), com apoio do professor e pesquisador Gediendson Araújo, do projeto Reprocon (Reprodução para Conservação). A operação contou ainda com colaboração do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de MS), da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade).


Notícias Relacionadas »
Fale pelo Whatsapp
Atendimento
Precisa de ajuda? fale conosco pelo Whatsapp