Por Redação
De 26 de abril a 4 de maio, vaqueiros, criadores e compradores de diversos países estiveram reunidos em Uberaba, Minas Gerais, para participar da ExpoZebu. A maior feira agropecuária do mundo dedicada exclusivamente ao gado zebuíno movimentou o setor com concursos, leilões e negociações milionárias.
Organizada pela Associação Brasileira dos Criadores de Zebu, a feira é uma das mais tradicionais do agronegócio nacional e internacional. Desde sua criação, no início do século XX, o evento soma mais de 90 edições e se consolidou como um dos pilares da pecuária brasileira.
Segundo a revista The Economist, a ExpoZebu vai além do caráter comercial: é também um concurso de beleza bovina. As estrelas são vacas da raça zebu, de pescoço drapeado, originárias da Índia. Elas se adaptaram ao Brasil ainda no século XIX por sua resistência ao calor e aos parasitas — características ausentes em raças europeias — e, mais recentemente, por conta de avanços em clonagem e manipulação genética.
Hoje, o zebu representa cerca de 80% da população bovina do país, que conta com mais de 230 milhões de cabeças. A pecuária transformou economicamente regiões como Minas Gerais, historicamente marcadas pela pobreza, tendo o gado zebuíno como símbolo dessa virada.
A partir da década de 1970, programas de modificação genética fortaleceram tanto o gado quanto as plantas utilizadas em sua alimentação. Já nos anos 1990, os programas de reprodução animal intensificaram a seleção genética. Desde 1997, o peso médio desses animais aumentou 16%, conforme destaca The Economist.
Os concursos realizados durante a ExpoZebu atraem compradores de todo o mundo, interessados não nas vacas em si, mas no acesso ao seu material genético. Esses animais de elite podem valer milhões. Em 2023, a fêmea Viatina-19 FIV Mara Móveis foi vendida por 3,7 milhões de euros, tornando-se a vaca mais valiosa do planeta. Ela conta com uma equipe de veterinários e até um guarda-costas armado para garantir sua segurança.
A vaca Viatina-19 tem três proprietários. Cada um deles possui o direito de colher seus óvulos por quatro meses do ano e vendê-los a criadores, que por sua vez licenciam os genes a produtores de carne. Como destaca o portal Futurism, é comum que vacas premiadas sejam clonadas para preservar suas linhagens genéticas.
Além de impulsionar o acesso à carne bovina, a robustez dos zebus também favorece a segurança alimentar. A Organização Mundial da Saúde Animal está prestes a declarar o Brasil como país livre de febre aftosa — um reconhecimento que deve ampliar o alcance da pecuária nacional no mercado global.