Frango e ovos devem ficar mais baratos nos próximos três meses

Interrupção nas exportações pode gerar excesso de produto no mercado interno e pressão nos preços

26/05/2025 00h00 - Atualizado há 1 mês

Por Redação

A recente suspensão das exportações de carne de frango e ovos para 38 destinos, após a confirmação do primeiro foco de gripe aviária em uma granja comercial no Brasil há dez dias, deve provocar uma redução temporária nos preços desses produtos no mercado interno. A avaliação é de técnicos das áreas agrícola e econômica do governo federal.

Segundo especialistas que acompanham o setor, o redirecionamento da produção que não será exportada para o varejo doméstico tende a elevar momentaneamente a oferta local. A previsão é de que o efeito se estenda por, no máximo, três meses — prazo estimado para que as granjas ajustem o alojamento de pintinhos à nova demanda.

Outro fator que deve limitar a queda nos preços é a autorização dada à indústria para armazenar, de forma temporária, cargas de frango congelado já inspecionadas e prontas para exportação. Técnicos da equipe econômica concordam que o impacto nos preços será restrito e de curto prazo.

Ainda assim, mesmo com o recuo recente em alguns índices, frango e ovos acumulam inflação no período de 12 meses. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de abril apontou queda de 0,82% no preço do frango inteiro, mas com alta de 2,59% no acumulado anual. No caso dos ovos, a retração foi de 0,30% em abril frente a março, mas com alta de 4,16% no mesmo intervalo.

Economistas do mercado projetam um impacto de até 0,10 ponto percentual na redução do IPCA nos próximos meses, motivado pela suspensão temporária dos embarques de carne de frango. A expectativa é de um alívio inflacionário breve, com possibilidade de “efeito rebote” sobre os preços quando as exportações forem retomadas.

A leitura de que os preços devem cair, no entanto, não é compartilhada pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) nem pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). O presidente da ABPA, Ricardo Santin, afirmou que não há expectativa de pressão nos preços da carne de frango, mesmo com a suspensão das exportações.

Segundo Santin, apesar de possíveis flutuações pontuais, a oferta permanece ajustada. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, também minimizou o impacto da gripe aviária sobre os preços. “Pode haver excesso de oferta em 10 a 15 dias de carne de frango, mas vemos estabilidade”, afirmou em coletiva recente.

Fávaro também ressaltou que 70% da produção de carne de frango no Brasil já é destinada ao mercado interno, enquanto os outros 30% são voltados à exportação — fator que, segundo ele, contribui para reduzir possíveis impactos.


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