Por Redação
Com crescimento de 1,4% no Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre de 2025 em relação ao período anterior, a economia brasileira atingiu o maior patamar para um primeiro trimestre desde 2021. O desempenho foi impulsionado principalmente pelo setor agropecuário, que registrou alta de 12,2% nos três primeiros meses do ano.
De acordo com o IBGE, também atingiram níveis recordes os setores de serviços e, na ótica da demanda, o consumo das famílias, do governo e as exportações.
“A agropecuária tem dois efeitos principais este ano: um é a questão climática que está favorável e a outra é que as colheitas que estão crescendo muito, como a soja, que é a nossa principal lavoura, está concentrada no primeiro semestre. A gente também tem o milho crescendo, o fumo, o arroz, várias colheitas que estão crescendo esse ano. Tem muita safra no primeiro semestre”, contextualiza a pesquisadora do IBGE, Rebeca Palis.
Apesar dos bons resultados no campo e no setor de serviços — que cresceu 0,3% no trimestre, com destaque para atividades de informação e comunicação (3%) —, a indústria teve desempenho negativo, com queda de 0,1%. A retração foi influenciada principalmente pela queda de 0,8% na construção civil e de 1% na indústria de transformação.
“A indústria é a única das grandes três atividades econômicas que ainda está no patamar abaixo do pico”, ressalta Rebeca Palis. Segundo ela, o setor industrial tem sentido os efeitos da taxa básica de juros (Selic) elevada.
Os investimentos, medidos pela formação bruta de capital fixo, ainda estão 6,7% abaixo do nível registrado no segundo trimestre de 2013. A indústria também continua 4,7% abaixo do pico registrado no terceiro trimestre daquele mesmo ano.
Sob a ótica da demanda, houve crescimento em todos os componentes: consumo das famílias (1%), formação bruta de capital fixo (3,1%), exportações (2,9%) e consumo do governo (0,1%).
“Em relação ao consumo das famílias, a gente ainda tem fatores que prejudicam, como a inflação bem resiliente e a política monetária restritiva. Mas a gente continua tendo melhora no mercado de trabalho, continua tendo programas de transferência de renda do governo para as famílias e o crédito continua crescendo, apesar de estar mais caro, então são várias coisas contribuindo positivamente”, analisa Rebeca. “Mas o consumo das famílias poderia ser mais alto se a gente não tivesse uma política monetária restritiva”.