Por Redação
Com investimentos em diversas frentes e políticas públicas voltadas à sustentabilidade, Mato Grosso do Sul se destacou durante a abertura do Global Agribusiness Festival – GAFFFF 2025, maior evento de cultura agro do mundo, realizado nesta quinta-feira (5), em São Paulo.
O governador Eduardo Riedel foi um dos painelistas da cerimônia, promovida pela DATAGRO, que reúne especialistas e lideranças do agronegócio para discutir desafios globais e propor soluções inovadoras. Durante o painel “Governadores do Agro”, ele compartilhou iniciativas que colocam o Estado como referência em um modelo de produção agropecuária moderna, competitiva e com responsabilidade ambiental.
Participaram da discussão os governadores Tarcísio de Freitas (SP), Carlos Roberto Massa Júnior (PR), Rafael Fonteles (PI), Raquel Lyra (PE) e Ronaldo Caiado (GO), com moderação de Rafael Furlanetti, sócio-diretor institucional da XP Investimentos.
Riedel relembrou o avanço do Estado em infraestrutura básica e atribuiu ao agronegócio parte fundamental dessa transformação. “Na época que cheguei ao Mato Grosso do Sul, não tinha nada de pavimentação, e muito menos saneamento. Hoje estamos indo a plenitude de ruas pavimentadas, seremos o primeiro estado do Brasil, antes de São Paulo, a universalizar saneamento nos 79 municípios do Estado. Temos escola em tempo integral e uma rede de saúde preparada. E quem ajudou a fazer fez isso foi o agro brasileiro, que transformou o interior deste país. E é responsável por uma transformação socioeconômica nos últimos 40 anos que em poucos lugares do mundo ocorreram o que ocorreu aqui. No dia do meio ambiente, a gente não precisa ter receio de discutir esta história em qualquer fórum global. Além de ser a atividade produtiva, que tem melhor balanço de carbono em todas as suas cadeias produtivas”, afirmou.
Entre os destaques apresentados está o Fórum LIDE COP30, realizado em Bonito nos dias 29 e 30 de maio. O encontro antecipou debates que estarão na pauta da 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), prevista para novembro em Belém (PA), e culminou na assinatura de um termo de cooperação entre o Governo de MS e a Fiems. O objetivo é oferecer suporte a pequenas e médias empresas em projetos ambientais, com foco na meta de neutralizar as emissões de carbono até 2030.
A produção sustentável tem ganhado força no Estado. Mesmo setores tradicionalmente apontados como emissores, como a pecuária, têm se reinventado. Em Mato Grosso do Sul, o corte bovino certificado é reconhecido como de baixa emissão de carbono, fruto da integração entre lavoura, pecuária e floresta. A estratégia permitiu reduzir 5 milhões de hectares de pastagens e ampliar áreas de floresta, cana, agricultura e, ao mesmo tempo, aumentar o número de abates em 5%.
No campo da bioenergia, todas as 22 usinas em operação estão certificadas no programa RenovaBio. A produção de etanol evitou a emissão de 13,7 milhões de toneladas de CO2 entre 2020 e 2024 — o equivalente à preservação de 89 milhões de árvores por 20 anos. A safra 2024/25 bateu recorde, com 4,2 bilhões de litros produzidos, colocando MS como o quarto maior produtor nacional. Para a safra 2025/26, estima-se uma moagem de 50,5 milhões de toneladas de cana-de-açúcar e produção de 4,7 bilhões de litros de etanol — crescimento de 11%.
O governador também ressaltou o papel do milho, que deixou de ser majoritariamente exportado e agora é processado no próprio Estado, agregando valor e movimentando outras cadeias. O mesmo ocorre com a celulose: além da operação da fábrica de móveis Greenplac, há previsão para instalação de uma fábrica de tissue, que transforma celulose em papel A4, higiênico e guardanapos.
A diversificação agrícola e a indústria de transformação avançam com força. A citricultura já ocupa 30 mil hectares e tem potencial para atrair grandes indústrias de suco. No amendoim, MS é o segundo maior produtor do Brasil, com 8% da produção nacional e uma planta de beneficiamento em implantação em Bataguassu.
Desde 2015, o Estado atraiu R$ 141 bilhões em investimentos privados — número que considera os empreendimentos já em operação, em andamento ou anunciados.
Na área ambiental, o governo estadual lançou em 2024 o Pacto Pantanal, programa que incentiva práticas sustentáveis e remunera quem contribui para a conservação do bioma pantaneiro. Uma das estratégias é o PSA (Pagamento por Serviços Ambientais), que será financiado com recursos do Fundo Clima Pantanal, criado pela Lei do Pantanal, sancionada em dezembro de 2023. O fundo terá aporte anual de R$ 40 milhões entre 2025 e 2030.
Em infraestrutura e logística, a estratégia do Estado aposta em uma visão de longo prazo para ampliar corredores de escoamento e atrair novos negócios. Atualmente, são 5.500 km de rodovias pavimentadas e mais 660 km contratados. Um dos projetos mais ambiciosos é a Rota da Celulose, corredor logístico com 870 km de estradas estaduais e federais, na região Leste, que será concedido à iniciativa privada com previsão de investimento de R$ 10 bilhões ao longo de 30 anos.
Além disso, R$ 250 milhões estão sendo aplicados na requalificação de aeródromos regionais, considerados ativos estratégicos para a atração de novos investimentos.
“O Mato Grosso do Sul vai chegar em 2030 como estado carbono neutro, 100% neutralizado. A agenda de infraestrutura do Estado passa por todos os modais, aeroviário, rodoviário, ferroviário e hidroviário. Nós temos o Rio Paraguai e a bacia do Rio Paraná, ladeando o Estado. Veja a riqueza que nós temos do ponto de vista logístico”, afirmou o governador.