Festival Paralímpico abre portas para o esporte inclusivo em Campo Grande

Judô, goalball e paraciclismo estiveram entre as atividades para jovens com e sem deficiência

16/06/2025 00h00 - Atualizado há 2 semanas

Por Redação

Crianças e adolescentes com e sem deficiência participaram, no último sábado (14), da primeira edição do ano do Festival Paralímpico Loterias Caixa, realizada no Instituto Sul-Mato-Grossense para Cegos Florivaldo Vargas (ISMAC), em Campo Grande. Voltado a jovens entre 7 e 20 anos, o evento promoveu vivências práticas em modalidades paralímpicas, com o objetivo de fomentar a inclusão e ampliar o acesso ao esporte adaptado.

Organizado pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), o festival teve apoio do Governo de Mato Grosso do Sul, por meio da Fundesporte (Fundação de Desporto e Lazer) e da Setesc (Secretaria de Estado de Turismo, Esporte e Cultura). Nesta edição, os participantes puderam experimentar quatro modalidades: judô para cegos, paraciclismo, halterofilismo e goalball. A proposta do evento é oferecer o primeiro contato com o paradesporto, despertando o interesse pela prática esportiva como forma de inclusão e desenvolvimento social.

“O festival é uma oportunidade muito rica para que a criança conheça modalidades esportivas presentes tanto no cenário nacional quanto internacional. Para nós, do Estado e do Brasil como um todo, é um momento em que, além de vivenciar o esporte, a criança com deficiência interage com outras, fortalecendo os laços sociais. Quando falamos em inclusão, não se trata apenas de inserir por inserir, mas de promover uma convivência verdadeira e significativa entre as crianças com deficiência”, destacou Paulo Ricardo Nuñez, diretor-presidente da Fundesporte.

“Alguns participantes já são atletas de outras modalidades, enquanto outros estão tendo seu primeiro contato com o paradesporto. O mais importante é garantir oportunidades para que todos pratiquem o que desejarem. O Brasil é referência mundial e esteve entre as cinco maiores potências na última Paralimpíada. Mato Grosso do Sul também se destaca, figurando entre os cinco melhores do país no desporto escolar. Com esses festivais, queremos ampliar o número de praticantes, aproximando escolas, famílias e professores, que são verdadeiros guerreiros na construção de um esporte mais inclusivo”, reforçou Leandro Fonseca, diretor de Excelência e Capacitação Esportiva da Fundesporte.

Responsável pela organização local do evento, a coordenadora do Centro de Referência Paralímpico, Amanda Velasco, ressaltou a importância da iniciativa para o fortalecimento da cultura esportiva entre crianças e adolescentes.

“Esse é um festival que ocorre simultaneamente em todo o Brasil, não só nas capitais, mas também no interior. O foco é permitir que crianças e adolescentes, com e sem deficiência, vivenciem modalidades paralímpicas e compreendam que é possível praticar esporte. A divulgação é feita nas escolas para que eles participem e tenham essa experiência — muitas vezes pela primeira vez. Alguns já vêm com preparo ou experiência anterior, mas a proposta é vivenciar a modalidade de forma lúdica, sem caráter competitivo”, explicou.

Da iniciação à inspiração

Um dos momentos marcantes do festival foi a participação da judoca Kelly Kethyllin Victório, de 20 anos, natural de Campo Grande. A atleta conquistou o quarto lugar nas Paralimpíadas de Paris-2024, na categoria até 70 kg, classe J2 (baixa visão), após uma disputa acirrada contra a japonesa Kazusa Ogawa.

Frequentadora assídua de festivais paralímpicos, Kelly compartilhou sua trajetória e destacou o papel transformador desses eventos.

“Esse evento é muito importante porque é aqui que muitos têm o primeiro contato com o paradesporto. São várias modalidades, como o goalball e o judô, e é nesse momento que você descobre com qual se identifica. Isso faz muita diferença, especialmente para nós, do paradesporto, que ainda temos menos visibilidade do que as modalidades olímpicas. Eu mesma comecei como atendida no Instituto Ismac. Minha técnica era minha professora e foi ela quem me apresentou ao esporte. Hoje, estar aqui como atleta, sendo entrevistada e servindo de inspiração para outros, é emocionante. Dá um orgulho imenso saber que meu nome motiva novos atletas a entrarem na modalidade”, relatou.


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