Sol Nascente, no DF, se torna a maior favela do Brasil segundo prévia do Censo 2022

Região a 35 km do centro da capital ultrapassou Rocinha, no Rio de Janeiro, em número de domicílios

17/03/2023 00h00 - Atualizado em 17/03/2023 às 22h58

Por redação

O Sol Nascente, no Distrito Federal, se tornou a maior favela do Brasil segundo dados da prévia Censo 2022 do Instituto Nacional de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com o levantamento, a região ultrapassou a Rocinha, no Rio de Janeiro, em número de domicílios.

A pesquisa mostra que, atualmente, o Sol Nascente tem 32.081 domicílios, enquanto a Rocinha tem 30.955. Em comparação com 2010, a favela da capital cresceu 31%, enquanto a região do Rio de Janeiro aumentou 20%.

"Aqui é ruim demais, viu? Aqui, no tempo da chuva, tem muito buraco. Os carros quebram direto aqui", disse o serralheiro José da Silva.

"Quando eu cheguei, em 2015, era só lama. Não tinha outra coisa. Tudo o que você olhava era lama. Hoje está 50 vezes melhor. Acho que as pessoas conhecem umas às outras. Não tem medo de conversas. Elas se abrem mesmo", conta o motoboy Cássio Silva.

O presidente do IBGE, Cimar Azeredo, explica que o instituto considera como favela toda área em que a ocupação se deu de forma precária. De acordo com ele, a diferença entre o Sol Nascente e a Rocinha é o relevo, enquanto um é mais plano o outro é "acidentado".

"O Sol Nascente tem formato plano, com acesso muito mais fácil. Foi uma área 'fácil 'de fazer", afirmou o presidente do IBGE, Cimar Azeredo.

Para o líder comunitário Edson Batista, o Sol Nascente não é favela. "Somos uma cidade. Precisamos de um conjunto de melhorias para tirar essa imagem", afirma.

Os terrenos do Setor Habitacional do Sol Nascente começaram a ser fracionados de forma irregular nos anos 90. A 35 quilômetros do centro de Brasília, a região cresceu e, em 2019, virou uma região administrativa. Antes disso, a região fazia parte de Ceilândia, que tem cerca de 500 mil habitantes.

O especialista em arquitetura e urbanismo Benny Schvarsberg explica que o Sol Nascente pode crescer ainda mais. "Esse crescimento deve continuar, até que o governo faça algo para atenuar", diz. De acordo com o especialista, o ideal é que se promova urbanização de qualidade, transporte público e saúde, além de segurança e educação. Outro ponto destacado por ele é a necessidade de investimento em infraestrutura de saneamento.

Como a população total do Brasil já foi recenseada, os dados definitivos do Censo 2022 devem ser divulgados até o fim de abril.

Maiores favelas do país por número de domicílio, segundo o IBGE:

Sol Nascente, Brasília: 32.081
Rocinha, Rio de Janeiro: 30.955
Rio das Pedras, Rio de Janeiro: 27.573
Beiru, Tancredo Neves: Salvador: 20.210
Heliópolis, São Paulo: 20.016
Paraisópolis, São Paulo: 18.912
Pernambués, Salvador: 18.662
Coroadinhoa, São Luís: 18.331
Cidade de Deus/Alfredo Nascimento, Manaus: 17.721
Comunidade São Lucas, Manaus: 17.666
Baixada da Estrada Nova Jurunas, Belém: 15.601
Alto Santa Teresina - Morro de Hemeterio - Skylab-Alto Assentamento Sideral, Belém: 12.177
Jacarezinho, Rio de Janeiro: 12.136
Valéria, Salvador: 12.072
Baixadas da Condor, Belém: 11.462
Bacia do Una-Pereira, Belém: 11.453
Zumbi dos Palmares/Nova Luz, Manaus: 11.326
Santa Etelvina, Manaus: 10.460
Cidade Olímpica, São Luís: 10.378
Colônia Terra Nova, Manaus: 10.036


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