Renda dos mais ricos cresceu até três vezes mais do que a de 95% da população brasileira

Entre os 15 mil milionários que compõe o 0,01% mais rico, o crescimento foi de 96%

15/01/2024 00h00 - Atualizado em 18/01/2024 às 19h00

Por redação

A renda dos mais ricos da população do país, aumenta entre duas a três vezes mais do que a de 95% dos brasileiros. Entre os 15 mil milionários que compõe o 0,01% mais rico, o crescimento foi ainda maior, de 96%. Os dados integram uma pesquisa publicada no Observatório de Polícia Fiscal do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), nesta terça-feira (16), com base no Imposto de Renda.

A análise compreende os anos de 2017 a 2022. Os mais ricos estão concentram cada vez mais renda no Brasil. Conforme o relatório, a renda da maioria da população adulta teve um crescimento nominal médio de 33% em período de cinco anos. A variação registrada pelos mais ricos foi de 51%, 67% e 87%.

O levantamento divide os estratos em o milésimo (0,1%) mais rico, o 1% mais rico, os 5% mais ricos e os 95% restantes da população adulta, que compreende pessoas com 18 anos ou mais de idade A renda dos 1% mais ricos, por sua vez, cresceu de 20,4% para 23,7%% entre 2017 e 2022, mas mais de quatro quintos dessa concentração adicional de renda foi absorvida pelo milésimo mais rico, constituído por 153 mil adultos com renda média mensal de R$ 441 mil em 2022.

Para ser enquadrado no nesse estrato de mais ricos, é necessário ter uma renda de pelo menos R$ 140 mil mensais no Brasil. Já para pertencer ao 1% mais rico, basta ter renda superior a R$ 30 mil. E a porta de entrada para os 5% mais ricos são os R$ 10 mil mensais, o que inclui na prática grande parte da nossa classe média.

"Note-se que, no caso dos estratos mais ricos, os valores médios de renda foram calculados diretamente dos arquivos fornecidos pela RFB, sem necessidade de qualquer metodologia de interpolação para fracionar a renda dos centis da distribuição. Isso foi possível porque, por coincidência, a evolução do número declarantes entre 2017 e 2022 nos permitiu identificar grupos muito representativos dos estratos de 0,1%, 1% e 5% mais ricos em proporção da população adulta, retroprojetada com base na taxa média de crescimento populacional entre os dois últimos censos (2010 e 2022)", diz o texto assinado pelo economista Sérgio Wulff Gobetti.

A avaliação do economista pesquisador indica que o nível de concentração de renda no topo da pirâmide elevou-se para um novo recorde histórico, depois de uma década de relativa estabilidade da desigualdade. Os resultados da análise são um alerta sobre o processo de reconcentração de renda no Brasil e sobre os vetores que mais contribuem para isso: os rendimentos isentos ou subtributados que se destacam como fonte de remuneração principal entre os super ricos.

“Em resumo, ainda é cedo para avaliar se o aumento da concentração de renda no topo é fenômeno estrutural ou conjuntural, mas as evidências reunidas reforçam a necessidade de revisão das isenções tributárias atualmente concedidas pela legislação e que beneficiam especialmente os mais ricos”, finaliza o texto.


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