Afastamento do trabalho por problemas de saúde mental aumentam em 38%

O Brasil é o segundo pais com o maior numero de casos burnout no mundo

23/01/2024 00h00 - Atualizado em 23/01/2024 às 21h22

Por redação

O número expressivo de afastamentos do trabalho devido a transtornos de saúde mental está em ascensão no Brasil, revelando um aumento significativo nos benefícios concedidos por incapacidade relacionados a transtornos mentais e comportamentais em 2023.

O Ministério da Previdência Social reporta que foram concedidos 288.865 benefícios nesse sentido, representando um aumento de 38% em comparação com os 209.124 benefícios registrados em 2022 e os 200.244 em 2021, abrangendo benefícios por incapacidade temporária (auxílio-doença) e por incapacidade permanente (antiga aposentadoria por invalidez).

Paralelamente, o estudo People at Work 2023, conduzido pelo ADP Research Institute, destaca que a discussão sobre saúde mental no ambiente de trabalho está ganhando destaque globalmente.

Em uma pesquisa envolvendo 32.612 trabalhadores em 17 países, incluindo 1.412 no Brasil, 68% dos entrevistados sentem-se capazes de ter conversas sinceras sobre sua saúde física, enquanto 64% afirmam o mesmo em relação à saúde mental. Esses dados indicam a crescente importância do diálogo sobre saúde mental nas esferas governamentais e empresariais, destacando a necessidade de abordagens abertas e políticas eficazes para lidar com questões de bem-estar mental no ambiente de trabalho.

Um dos principais pontos de preocupação é a síndrome de Burnout, que afeta diretamente a relação entre saúde mental e contexto profissional. O Brasil, conforme estudo conduzido pela UFF (Universidade Federal Fluminense), ocupa a segunda posição mundial em casos de Burnout. Recentemente reconhecida pela Organização Mundial da Saúde como uma doença ocupacional, a síndrome resulta do estresse crônico relacionado ao trabalho.

A psicóloga e psicanalista Cristina Navalo destaca que o Burnout não é simplesmente causado pelo excesso de trabalho, mas muitas vezes é alimentado por uma combinação de fatores, como sobrecarga de responsabilidades, falta de controle sobre o trabalho, ambientes pouco saudáveis, ausência de apoio social e expectativas irreais.

Diante desse cenário, é crucial reconhecer que nenhum trabalho deve comprometer a saúde mental, e é imperativo que organizações e colaboradores trabalhem juntos na prevenção dessa realidade antes que seja tarde demais.

O professor Otávio Pinto e Silva, do Departamento de Direito do Trabalho e Seguridade Social da Faculdade de Direito da USP, oferece insights sobre como empresas e trabalhadores lidam com afastamentos devido à síndrome de Burnout, discutindo direitos dos profissionais e estratégias de prevenção.

O professor destaca a complexidade do processo legal, enfatizando a importância de exames psíquicos, como laudos periciais, para diagnosticar a condição do trabalhador. O magistrado, ao emitir uma sentença judicial, pode avaliar se o profissional tem ou não direito à indenização, considerando as informações técnicas fornecidas pelo exame psíquico.


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