Segundo estudo “Meditação Mindfulness” é uma das praticas que ajuda no tratamento da dor de cabeça

Pacientes que praticam a atenção plena (mindfulness) tiveram uma redução superior a 50% da frequência das crises de cefaleia em comparação com os dados do início do estudo

28/01/2024 00h00 - Atualizado em 01/02/2024 às 22h09

Por redação

Um estudo conduzido na Itália sugere que a prática diária de técnicas de atenção plena, também conhecidas como mindfulness, traz diversos benefícios para pacientes, destacando-se o alívio da dor em casos de enxaqueca crônica e cefaleia causada pelo uso excessivo de medicamentos. Pesquisadores indicam que a meditação mindfulness pode ser uma opção valiosa como terapia complementar no manejo da dor.

A enxaqueca crônica é caracterizada por mais de 15 dias de dor de cabeça por mês, associada ao uso excessivo de medicamentos para controle da dor por pelo menos três meses. Esses pacientes frequentemente enfrentam limitações em suas atividades diárias, afetando sua vida pessoal e social. Embora existam tratamentos conhecidos, tanto farmacológicos quanto não farmacológicos, alguns estudos sugerem que abordagens baseadas em mindfulness podem oferecer benefícios adicionais.

Para investigar essa hipótese, pesquisadores do Instituto Neurológico Carlo Besta, em Milão, especializado no tratamento de cefaleias, avaliaram 177 pacientes divididos em dois grupos. O primeiro recebeu tratamento padrão, com orientações sobre a redução do uso excessivo de medicamentos, cuidados de saúde adequados, ajustes no estilo de vida e uso apropriado de remédios. Já o segundo grupo, além das mesmas orientações, participou de sessões de meditação mindfulness.

Os participantes do segundo grupo realizaram seis sessões presenciais de meditação em grupo, com duração de 90 minutos cada, uma vez por semana. Além disso, receberam orientações para praticar individualmente por 7 a 10 minutos diariamente, concentrando-se na respiração e reconhecendo pensamentos, sentimentos e emoções emergentes. Eles foram incentivados a compartilhar informações sobre suas dores de cabeça, a aceitar melhor a condição e a discernir quando precisavam ou não de medicamentos.

Após um ano, o grupo que incorporou a atenção plena teve uma redução superior a 50% na frequência das crises de cefaleia, em comparação com o grupo que recebeu apenas o tratamento padrão. Cerca de 78,4% dos participantes praticando mindfulness relataram essa redução, em comparação com 48,3% no grupo de tratamento padrão.

Além disso, o grupo da meditação experimentou um aumento no tempo produtivo, uma melhoria na qualidade de vida e uma diminuição na ingestão de medicamentos, resultando em menores custos totais relacionados à saúde.

Maria Ester Azevedo Massola, coordenadora da Equipe de Medicina Integrativa do Hospital Israelita Albert Einstein, destaca a importância desses resultados ao evidenciar o potencial das práticas de atenção plena como abordagem complementar no tratamento da cefaleia. Ela ressalta que a redução no consumo de medicamentos contribui para prevenir a cronificação da enxaqueca e melhorar significativamente a capacidade funcional e a qualidade de vida dos pacientes.

Massola também enfatiza que a prática de mindfulness, caracterizada pela atenção ao momento presente sem julgamentos, capacita os pacientes a lidar de maneira mais eficaz com a dor e o estresse, resultando na diminuição da frequência e intensidade das crises. Ela enfatiza a importância de integrar essas práticas no tratamento padrão, destacando sua acessibilidade, segurança e eficácia. No entanto, ela destaca a necessidade de mais estudos para confirmar e reforçar esses benefícios, reconhecendo que o estudo foi conduzido em um único centro especializado em cefaleias, exigindo investigações adicionais em diferentes populações e contextos clínicos.


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