Agência Nacional das Águas faz alerta para agravamento de seca na bacia do Pantanal

Mato Grosso do Sul tem enfrantado período de escassez de chuvas e Bacia do Alto Paraguai apresenta marca histórica de temperaturas acima da média

08/05/2024 00h00 - Atualizado em 08/05/2024 às 04h27

Por redação

A escassez de chuvas e temperaturas acima da média histórica na Bacia do Alto Paraguai, que abrange Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, aponta para o agravamento da situação de seca nos dois estados. Para tratar da questão, autoridades responsáveis pela questão se reuniram na terça-feira (7), na sala de crise, em uma reunião virtual, convocada pela Agência Nacional de Águas (ANA) com apresentações de técnicos do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e do Operador Nacional do Sistema Elétrico.

Os estados de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso já estão em situação de seca, de acordo com dados do Cemaden. A maioria das propriedades rurais do Estado enfrentam seca - severa e moderada -, e até agora, apenas 5% do território sul-mato-grossense não enfrenta escassez hídrica. O problema se agrava devido às altas temperaturas registradas, com previsão de continuidade nas próximas semanas, pressionando ainda mais os recursos hídricos e a saúde da vegetação, o que pode aumentar a probabilidade de ocorrência de incêndios florestais.

Para o trimestre atual — que compreende os meses de maio, junho e julho —, está previsto um recuo da influência do fenômeno El Niño e a partir do próximo mês o La Niña, fenômeno oriundo das águas do Oceano Pacífico, vai interferir no clima. Por enquanto, não há previsão de melhora na distribuição de chuvas, ou seja, a situação de seca deve se prolongar. O que está previsto ocorrer é uma queda brusca das temperaturas com a chegada do inverno - a partir de junho -, sob efeito do La Niña.

Devido a situação de estiagem e iminente escassez hídrica, o corpo técnico da ANA preparou uma nota para emissão de 'declaração de escassez hídrica'. A medida deve ser avaliada pela diretoria da ANA nos próximos dias e, após decisão, deverá entregar em vigor. Com a 'declaração de escassez hídrica' as empresas concessionárias de distribuição de água podem, inclusive, impor tarifas emergenciais para custear obras ou serviços adicionais a fim de evitar o desabastecimento, explicou o superintendente da ANA, Patrick Tadeu Thomas.

"Assim, considerando a atual situação hidrometeorológica da bacia do Alto Paraguai (Pantanal), que encerra o período chuvoso com o rio Paraguai apresentando níveis d’água transitando entre os mínimos valores registrados para época, e a perspectiva de chuvas abaixo da média para o período de abril a junho, em que, de acordo com a normal climatológica, são esperados valores baixos de precipitação, considera-se importante instituir uma Sala de Crise com o objetivo de acompanhar e viabilizar medidas para mitigar os impactos da seca sobre os usos da água até o início do próximo período chuvoso na bacia", afirma a nota técnica da ANA.

O parecer também considerada que entre os possíveis impactos da seca sobre os usos da água estão o comprometimento de captações para abastecimento humano, como é o caso das cidades de Porto Murtinho, Corumbá - que é abastecida pelo Rio Paraguai - e Ladário, além da navegação comercial no rio, que poderá ser prejudicada por falta de calado (profundidade de água). Outra preocupação é que a possibilidade do aumento de focos de calor, o que possibilidade a ocorrência de incêndios florestais na região durante o período seco.

Com o nível do rio abaixo da média histórica para o período, e com previsão de reduzir ainda mais, há possibilidade de a captação de água ser suspensa ou que sejam necessários investimentos para continuidade ao serviço.

Os membros da sala de crise da Bacia do Alto Paraguai voltam a se reunir no dia 4 de junho, também em formato virtual, para avaliar a situação da região e a necessidade de outras medidas para enfrentamento da seca. Além do Cemaden, ONS e da ANA, integram a sala de crise, representantes do Serviço Geológico do Brasil, o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Instituto Nacional de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), o Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima (Cemtec/MS), entre outras instituições.


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