Por Andrella Okata
Rolar a tela do celular enquanto consumimos conteúdos variados se tornou hábito comum no dia-a-dia. No entanto, o que acontece em nosso cérebro durante esse processo e por que é tão difícil resistir a essa compulsão?
Éilish Duke, professora de psicologia na Universidade Leeds Beckett, no Reino Unido, e Ariane Ling, do departamento de psiquiatria do NYU Langone Health, nos EUA, oferecem insights valiosos sobre o assunto.
Duke explica que o impulso de pegar o celular e ligar e rolar a tela, tornou-se um ato automático devido à construção desse hábito ao longo do tempo. Por outro lado, Ling ressalta que o comportamento humano natural de querer saber o que está acontecendo é exacerbado pelo design dos aplicativos, que constantemente nos alimentam com informações interessantes.
Essa interação entre o impulso de busca por prazer e a luta do córtex pré-frontal contra esses impulsos é o que torna a rolagem do celular tão viciante. Enquanto o circuito de recompensa do cérebro nos impulsiona a buscar novidades, o córtex pré-frontal tenta exercer controle sobre esses impulsos.
Entretanto, as especialistas trazem soluções práticas para evitar a compulsão pela rolagem do celular. Passar mais tempo longe das telas, interagir com o mundo físico e tentar controlar os impulsos são algumas das estratégias sugeridas.
Ao adotar rituais que nos afastam do celular, como caminhar sem o dispositivo, podemos não apenas limitar o tempo gasto nas telas, mas também exercitar outras funções cerebrais e estar mais conscientes do ambiente ao nosso redor.
Outra dica importante é estabelecer regras, como não utilizar o celular à mesa durante refeições ou encontros com familiares e amigos. Isso não apenas ajuda a evitar a compulsão individualmente, mas também recebe um reforço externo, tornando mais fácil manter o hábito.
Além disso, pequenas mudanças na rotina, como utilizar um relógio tradicional em vez do celular para verificar as horas, podem fazer uma grande diferença na redução do tempo gasto nas telas.
Por fim, os especialistas incentivam a prática da consciência e do autocontrole. Reconhecer os impulsos de pegar o telefone e resistir a eles pode ser desafiador, mas é uma habilidade que pode ser desenvolvida com o tempo e traz benefícios significativos a longo prazo.