Por Lauren Netto
O inverno, iniciado oficialmente em 20 de junho, traz preocupação para os produtores de milho em Mato Grosso do Sul. Apesar das temperaturas mais amenas devido às mudanças climáticas, há previsão de geada entre os dias 10 e 15 de julho, o que pode afetar significativamente as lavouras. Aproximadamente 28% da área de cultivo de milho na região sul do Estado pode sofrer com os efeitos do frio intenso, segundo a Aprosoja-MS (Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul).
A equipe técnica da Aprosoja-MS realizou uma análise para avaliar o impacto potencial desse fenômeno climático na agricultura local. De acordo com Gabriel Balta, coordenador técnico da associação, a análise considera a progressão do plantio e a fenologia das culturas ao longo de um ciclo de 128 dias. Durante esse período, foi identificado que cerca de 28% das lavouras de milho segunda safra 2023/2024 estarão nos estágios críticos entre R1 (florescimento e polinização) e R4 (grão farináceo).
"Esses estágios são altamente suscetíveis a danos causados pela geada, podendo resultar em reduções significativas no potencial produtivo", explica Balta. Na região central do estado, estima-se que 13% das lavouras estarão nos estágios R1 a R4 durante o período previsto para a geada, colocando também essas áreas em risco. Já a região norte parece estar mais segura, com apenas 6% das lavouras no estágio R4 durante o período de geada, sem risco aparente de geadas.
Além do frio, a seca também tem causado perdas significativas na segunda safra de milho 2023/2024. A estiagem prolongada entre março e junho afetou uma área total de 785 mil hectares no estado, resultando em redução do potencial produtivo. A colheita da segunda safra está em andamento, com 8,2% da área colhida até 21 de junho, conforme o Projeto Siga-MS (Sistema de Informações Geográficas do Agronegócio).
A região sul lidera a colheita com uma média de 10,6%, seguida pela região central com 3,2% e a região norte com 2,9%. Nesta safra, a porcentagem de área colhida está 7,38 pontos percentuais acima em relação à safra 2022/2023. Contudo, cerca de 15% da área plantada está fora do zoneamento agrícola de risco climático, e 40% está fora da melhor janela de semeadura, agravando ainda mais a situação dos produtores.
O Rally da Safra apresentará no dia 2 de julho os números de produção, produtividade e área plantada nas principais regiões produtoras de milho do País. A iniciativa busca fornecer uma avaliação do impacto das condições climáticas nas lavouras de milho, auxiliando os produtores na tomada de decisões estratégicas.