Startup brasileira utiliza hemogramas e IA para identificar risco de câncer de mama

Em dois anos de existência, a startup já avaliou dados sanguíneos de mais de 500 mil mulheres

29/06/2024 00h00 - Atualizado em 03/07/2024 às 23h11

Por Andrella Okata

Em um cenário onde o câncer de mama é uma preocupação crescente, a startup brasileira Huna está utilizando hemogramas como uma ferramenta crucial para antecipar diagnósticos. Fundada por Daniella Castro, a empresa já analisou mais de 500 mil exames de sangue em parceria com grandes nomes como Grupo Fleury, Pardini e Hospital do Amor.

Segundo o último levantamento do Instituto Nacional de Câncer (Inca), em 2023 houve incidência de 73.601 mil casos de câncer de mama e, em 2021, 18.139 mulheres vieram a óbito por causa da doença. A startup Huna pretende reduzir esses números a partir da análise de hemogramas, um dos exames mais requisitados e baratos do Brasil.

O objetivo da Huna é identificar sinais precoces que indicam maior propensão ao câncer de mama, permitindo uma melhor organização nos agendamentos de mamografias. Segundo dados preliminares, sua tecnologia conseguiu antecipar o diagnóstico em até 16 semanas, um avanço significativo para um tratamento mais eficaz.

Daniella Castro, CTO e cofundadora da Huna, ressalta a importância do diagnóstico precoce: "o câncer de mama tem uma chance de cura altíssima, de mais de 90% quando diagnosticado nas fases iniciais. Quando o diagnóstico é tardio, a chance de mortalidade é muito mais alta e os tratamentos são muito mais caros".

A ideia de utilizar hemogramas surgiu quando Daniella, anteriormente na Kunumi (do professor da Universidade Federal de Minas Gerais, Nivio Ziviani), onde atuava como engenheira de produção, realizou muitos projetos unindo a inteligência artificial e saúde, observando então um potencial pouco explorado no hemograma. "Todas as pesquisas que fizemos com sangue foram muito promissoras e mostraram um poder muito grande", ressaltou.

Após ver uma amiga enfrentando um câncer de mama avançado, decidiu concentrar esforços na busca por uma solução mais acessível e eficiente para a detecção precoce da doença.

Desde sua criação, a Huna recebeu investimentos significativos, incluindo uma rodada pré-seed liderada pela Big Bets, com apoio da Niu Ventures, Kortex (venture capital do Fleury), além de financiamentos da Fapesp e prêmios de inovação como o da A.C.Camargo.

Atualmente, a startup aguarda aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para expandir suas operações e planeja iniciar um estudo com o SUS, analisando hemogramas de 400 mil mulheres em regiões do Nordeste e Sul do Brasil.

Com vistas ao futuro, a Huna planeja uma rodada seed para acelerar novas pesquisas, buscando identificar marcadores para outros tipos de câncer como colo do útero, pulmão, colorretal e próstata.


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