Preço do leite fica 10% mais caro para produtores em MS

A redução da produção no campo e oferta limitada em todo o país justifica alta nos preços

02/07/2024 00h00 - Atualizado em 02/07/2024 às 19h08

Por Andrella Okata

Com a redução na oferta do leite, Mato Grosso do Sul registrou um aumento de 7,48% no preço pago no litro do leite. No mês de abril foram 14,7 milhões de litros de leite inspecionado, enquanto no mês de maio foram 13,42 milhões.

Segundo o Boletim Casa Rural - Bovinocultura de Leite, edição de junho, elaborado pela Federação da Agricultura e Pecuária de MS (Famasul), os produtores sul-mato-grossenses recebiam em abril em média R$ 2,31 por litro de leite, valor que subiu para R$ 2,48 em maio.

Ainda segundo o boletim, um dos principais desafios enfrentados pelos produtores são os altos custos com alimentação animal. Em maio, o preço médio do farelo, composto por soja e milho, aumentou 49%. Apesar disso, a quantidade de leite necessária para adquirir essa mistura diminuiu em 5,7 litros ao longo de um ano.

Na "Média Brasil" do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, em maio o preço do leite alcançou R$ 2,7114 por litro, representando um aumento de 9,8% em relação a abril.

O aumento nos preços é explicado pela redução na produção leiteira. Embora o Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea tenha apresentado uma pequena elevação de 0,14% de abril para maio, o índice acumula uma queda de 7,7% no ano até agora. A entressafra no Sudeste e Centro-Oeste, somada ao atraso da safra no Sul, limita a oferta de leite cru, intensificando a competição entre laticínios e cooperativas por matéria-prima.

Os impactos das enchentes no Rio Grande do Sul sobre a produção local e o aumento da demanda devido a doações no estado geraram especulações e incertezas, complicando a avaliação do mercado em maio. Em junho, os preços dos lácteos seguiram elevados até a segunda metade do mês, com expectativa de manutenção do aumento mensal.

Nas últimas duas semanas de junho, os preços retornaram aos níveis observados no início de maio, devido ao enfraquecimento do consumo e à pressão exercida pelos canais de distribuição. Isso tem mantido as margens dos laticínios apertadas, especialmente para produtos mais commodities como UHT, muçarela e leite em pó, o que pode desacelerar o ritmo de alta nos preços pagos aos produtores.

As importações continuam sendo uma fonte de incerteza para o mercado. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que, em maio, as importações caíram 23,6%, totalizando cerca de 150 milhões de litros em equivalente leite, uma redução de 28% em relação a maio de 2023, mas ainda mais que o dobro do registrado em maio de 2022. De janeiro a maio, as importações somaram 923 milhões de litros em equivalente leite, um aumento de 5,1% em relação ao mesmo período de 2023.


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