Ministério da Saúde expande vacinação contra HPV para usuários de PrEP

Aproximadamente 1,4 mil usuários de PrEP em Mato Grosso do Sul serão beneficiados com a nova política de vacinação

04/07/2024 00h00 - Atualizado em 10/07/2024 às 21h55

Por Lauren Netto

Na última quarta-feira (3), o Ministério da Saúde anunciou a ampliação do público elegível para receber a vacina contra o HPV (Papilomavírus Humano). Agora, pessoas que utilizam a profilaxia pré-exposição ao HIV (PrEP), com idades entre 15 e 45 anos, poderão se vacinar contra o HPV. Em Mato Grosso do Sul, cerca de 1,4 mil usuários de PrEP serão beneficiados com essa medida.

De acordo com o Governo do Estado, até o final de 2023, aproximadamente 1.444 pessoas procuraram pelo menos uma vez pela PrEP em Mato Grosso do Sul. A ministra da Saúde, Nísia Trindade, destacou nas redes sociais que essa é mais uma importante ferramenta para prevenir infecções sexualmente transmissíveis e cânceres associados ao HPV.

Conforme o Ministério da Saúde, a nova medida foi implementada com foco no público que utiliza a PrEP, devido ao maior risco de infecção pelo HPV entre esses indivíduos. Draurio Barreira, diretor do Departamento de HIV, Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e ISTs da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA), explicou que oferecer a vacina HPV4 aos usuários da PrEP é uma ação crucial na prevenção de neoplasias relacionadas ao HPV em populações vulneráveis.

“Até março de 2024, 82% das pessoas que utilizavam PrEP eram homens que fazem sexo com homens, e 3,2% eram mulheres trans e travestis. Diversas barreiras relacionadas aos determinantes sociais, especialmente o estigma, tornam esses grupos mais vulneráveis ao HIV, ISTs e cânceres causados pelo HPV”, detalhou Barreira.

Imunização

A vacinação é uma forma segura e eficaz de prevenir a infecção pelo HPV. O SUS oferece o imunizante quadrivalente (HPV4), que protege contra as principais complicações da doença. Atualmente, o público-alvo da vacinação inclui crianças e adolescentes de 9 a 14 anos (em esquema de dose única), pessoas de 9 a 45 anos vivendo com HIV/Aids, pacientes oncológicos, indivíduos com papilomatose respiratória recorrente (PRR) e transplantados (com três doses), e pessoas de 15 a 45 anos imunocompetentes vítimas de violência sexual.

Desde o início da vacinação contra o HPV no SUS em 2014, 75,8% do público feminino tomou a primeira dose e 58,2% a segunda em todo o Brasil. Para o público masculino, que começou a ser vacinado em 2017, 53,1% receberam a primeira dose e 33,2% a segunda. Esses dados são fornecidos pelos estados e municípios e podem variar conforme o sistema é atualizado.

O Ministério da Saúde recentemente adotou o esquema de dose única para crianças e adolescentes imunocompetentes, seguindo as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). Essa estratégia visa intensificar a proteção contra o câncer de colo do útero e outras complicações associadas ao HPV, dobrando a capacidade de imunização dos estoques disponíveis no país.

Entenda o que é a PrEP

A PrEP é uma forma de prevenir a infecção pelo HIV em caso de exposição ao vírus. Consiste em tomar diariamente uma pílula que contém dois medicamentos: tenofovir e entricitabina. No entanto, é importante destacar que a PrEP não previne outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).

O medicamento é indicado para pessoas sexualmente ativas, a partir dos 15 anos, que apresentam risco aumentado de contrair HIV. Pode ser prescrito por enfermeiros, farmacêuticos e médicos da atenção primária à saúde ou dos serviços especializados. Atualmente, existem 939 unidades dispensadoras de PrEP em 540 municípios brasileiros.

Em março de 2024, cerca de 84.926 pessoas utilizavam a PrEP. Dessas, 82% eram homens que fazem sexo com homens, 3,2% eram mulheres trans e travestis, 6,7% eram homens cisgêneros heterossexuais e 5,8% eram mulheres cisgêneros.

A inclusão dos usuários de PrEP na campanha de vacinação contra o HPV é uma ação importante para prevenir neoplasias em populações desproporcionalmente afetadas, como gays e outros homens que fazem sexo com homens (HSH) e mulheres trans. A ampliação da vacinação não afeta o público inicialmente contemplado.


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