Por Lauren Netto
Os níveis dos rios da Bacia do Paraguai estão abaixo da média histórica e caindo rapidamente devido à escassez de chuvas, afetando principalmente a região Pantaneira. O principal rio da bacia, o Paraguai, corre o risco de ter sua navegabilidade comprometida se o nível das águas continuar a baixar. Outros rios, como o Miranda e o Aquidauana, também estão sofrendo os efeitos da estiagem prolongada.
De acordo com a analista de Recursos Hídricos Kharlla Yamaciro Thays Fernandes, do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), todas as estações, com exceção de Coxim, registram níveis bem abaixo das médias históricas. "A única estação que está dentro da média histórica, a de Coxim (rio Taquari), acreditamos que seja por conta da sedimentação do rio", afirmou Fernandes.
O secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, destaca que o governo está acompanhando de perto a situação, que é preocupante tanto pelo risco de desabastecimento das comunidades quanto pelo impacto nas exportações pela hidrovia, especialmente de soja e minério de ferro. "O governo está atento e se preocupa tanto com a situação das comunidades da região, que podem ter risco de abastecimento, quanto com a economia, devido à falta de navegabilidade e impedimento para escoamento de produtos", salientou Verruck.
Diversas estações, como Pousada Taiamã (rio Piquiri), São Francisco, Ladário, Porto Esperança, Porto Murtinho (rio Paraguai) e Miranda (rio Miranda), já registram valores de estiagem. A estação Estrada-MT (rios Aquidauana/Miranda) deve entrar nesse final de semana, estando a apenas três centímetros do limite de estiagem. Porto Esperança apresenta uma situação alarmante, com apenas 11 centímetros de água, devendo atingir níveis negativos em menos de uma semana.
Os piores níveis do rio Paraguai foram registrados na estação de Porto Esperança, com apenas 3% da média histórica, Ladário com 22% e Porto Murtinho com 37%. O rio Miranda, em Miranda, apresenta apenas 38% do volume de água esperado para o período. A decisão sobre a navegabilidade da Hidrovia do Paraguai cabe à Marinha do Brasil, que até o momento mantém as operações, mas com recomendações específicas devido às fumaças causadas pelos incêndios e às condições críticas em determinados trechos entre Corumbá e Cáceres (MT).
Desde 13 de maio, a Região Hidrográfica do Paraguai está em Situação Crítica de Escassez Quantitativa dos Recursos Hídricos, declarada pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), com validade até 31 de outubro, podendo ser prorrogada se a situação não melhorar. A ANA alertou que a falta de chuvas pode impactar gravemente o uso da água, especialmente em captações para abastecimento humano, além de dificultar a navegação, reduzir o potencial hidrelétrico e comprometer atividades de pesca, turismo e lazer.