Por redação
A China, maior importadora de carne bovina do mundo, e o Brasil, principal fornecedor global, lançarão um projeto-piloto para tornar a produção de carne bovina mais sustentável, informou a mídia estatal chinesa nesta quarta-feira (10).
A produção de carne bovina é uma das maiores fontes de emissões de gases de efeito estufa, especialmente no Brasil, onde está ligada ao desmatamento de florestas que capturam carbono.
A Administração Estatal de Regulamentação do Mercado da China se reuniu com instituições brasileiras para discutir formas de garantir a transparência na cadeia de suprimento de carne bovina e criar uma plataforma de rastreabilidade transfronteiriça, segundo a CCTV. A reportagem não detalhou o cronograma do projeto.
Os dois países concordaram que um padrão global unificado é crucial para o sistema de rastreabilidade, ajudando também a combater a falsificação de carne bovina.
Empresas chinesas historicamente priorizam o preço sobre a sustentabilidade, mas estão começando a mostrar interesse em opções mais ecológicas.
Diferentemente dos esforços de sustentabilidade no Ocidente, que geralmente são impulsionados pelos consumidores, na China a mudança é movida por diretrizes políticas e pressão de investidores.
No entanto, especialistas em sustentabilidade e traders afirmam que os custos mais altos e desafios logísticos podem limitar a demanda por produtos sustentáveis.
A criação de gado no Brasil contribui para cerca de 24% do desmatamento anual das florestas tropicais globais e aproximadamente 10% das emissões globais de gases de efeito estufa, conforme a organização ambiental The Nature Conservancy.
O pasto para gado é o principal uso de áreas desmatadas na Amazônia e no Cerrado, prática que enfrenta restrições legais rigorosas, mas continua ilegalmente.
Em 2023, a China importou 2,74 milhões de toneladas de carne bovina, com mais de 40% vindo do Brasil, de acordo com a alfândega chinesa.