Por Andrella Okata
A Operação Cartão Vermelho, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) em maio, cumpriu sete mandados de prisão preventiva e 14 mandados de busca e apreensão nos municípios de Campo Grande, Dourados e Três Lagoas. A operação investiga um esquema de desvio de recursos da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul (FFMS), que teria ocorrido entre setembro de 2018 e fevereiro de 2023, totalizando mais de R$ 6 milhões.
Durante as diligências, a polícia apreendeu mais de R$ 800 mil em espécie. O nome "Cartão Vermelho" faz referência ao cartão usado por árbitros para expulsar jogadores que cometem faltas graves, simbolizando a gravidade dos crimes investigados.
A investigação, que durou 20 meses, revelou a existência de uma organização criminosa dentro da FFMS, cujo principal objetivo era desviar recursos tanto do Estado de Mato Grosso do Sul (por meio de convênios, subvenções ou termos de fomento) quanto da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). O Ministério Público Estadual (MPE) destacou que uma das formas de desvio era a realização de saques frequentes de valores inferiores a R$ 5 mil das contas bancárias da FFMS, para evitar alertar os órgãos de controle. Ao todo, foram identificados mais de 1.200 saques, que somaram mais de R$ 3 milhões.
Além disso, a organização criminosa desviava diárias de hotéis pagos pelo Estado de Mato Grosso do Sul em jogos do Campeonato Estadual de Futebol. O esquema também envolvia outros estabelecimentos, que devolviam parte dos valores cobrados à Federação aos integrantes do esquema, caracterizando peculato.
A denúncia do Gaeco ainda está em fase de análise, aguardando admissibilidade para que as investigações avancem e as responsabilidades sejam definidas.