Fogo no interior paulista causa morte de mais de 2.300 animais e deixa 48 cidades em alerta

Milhares de animais morreram em incêndios possivelmente criminosos, agravados pela seca e ventos fortes; autoridades alertam para riscos futurosMilhares de animais morreram em incêndios possivelmente criminosos, agravados pela seca e ventos fortes; autoridades alertam para riscos futuros

28/08/2024 00h00 - Atualizado em 28/08/2024 às 23h34

Por redação

Os incêndios devastadores que atingiram o interior de São Paulo no último fim de semana resultaram na morte de mais de 2.300 animais de pecuária, incluindo frangos, bovinos e suínos. As chamas, que se espalharam rapidamente devido ao vento forte e à seca intensa, consumiram canaviais e propriedades rurais, provocando uma tragédia de grande proporção.

Em Pradópolis, um único assentamento rural perdeu 217 porcos, frangos e galinhas para o fogo. Na cidade de Santo Antônio do Aracanguá, ao menos 43 bois foram carbonizados em uma fazenda. A situação se agravou na estrada entre Batatais e Ribeirão Preto, onde 2.000 frangos morreram em caminhões presos em bloqueios gerados pelos incêndios e pelas altas temperaturas.

Cristina Diniz, diretora da ONG Sinergia Animal no Brasil, destacou a vulnerabilidade dos animais de pecuária em situações como essa. "Muitos desses animais, confinados por cercas ou em caminhões, não tiveram chance de escapar. Eles são vítimas tanto quanto os animais silvestres, capazes de sentir dor e medo. Suas mortes não são apenas números, são vidas perdidas em um sistema que já negligencia seus direitos mais básicos", afirmou.

Enquanto alguns animais conseguiram escapar, como os 70 bois que romperam cercas em uma fazenda de Itirapina, muitos outros não tiveram a mesma sorte. Em Ribeirão Preto e Boa Esperança do Sul, vacas, porcos e um bezerro ficaram presos e foram mortos pelas chamas. Incidentes semelhantes ocorreram em Santa Isabel e em um haras em Guapiaçu.

A prefeita de Lucélia, Tati Guilhermino, fez um apelo desesperado aos produtores rurais para que abrissem as porteiras, enfatizando que é "uma questão de vida". A Defesa Civil segue contabilizando o número total de animais afetados pelos incêndios. "Mesmo os sobreviventes enfrentam agora o risco de escassez de alimentos, já que o fogo devastou vastas áreas de pasto, uma situação já vista no Pantanal", alertou Diniz.

Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), São Paulo registrou, em apenas dois dias, 2.300 focos de incêndio, número sete vezes maior do que o total de agosto de 2023. As queimadas já devastaram mais de 20 mil hectares e colocaram 48 cidades em estado de alerta máximo.

Cristina Diniz concluiu enfatizando a necessidade de planos de contingência que incluam os animais em situações de emergência e de uma revisão dos sistemas alimentares para combater a crise climática. "Estamos diante de uma tragédia de proporções imensuráveis. Este não é um caso isolado, como vimos nos incêndios no Pantanal e nas enchentes no Rio Grande do Sul, onde mais de um milhão de animais da pecuária foram impactados. Precisamos agir com urgência."


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