Privada de liberdade, comunidade LGBTQIA+ agora tem ala exclusiva para garantir cidadania em presídio

No mês de agosto, o Governo do Estado de Mato Grosso do Sul inaugurou a primeira ala LGBTQIA+, que abriga 69 detentas e detentos no Instituto Penal de Campo Grande

31/08/2024 00h00 - Atualizado em 31/08/2024 às 11h25

Por redação

Cidadania e segurança pública de mãos dadas para garantir os direitos da população, mesmo aquelas que estão em privação de liberdade. No mês de agosto, o Governo do Estado de Mato Grosso do Sul inaugurou a primeira ala LGBTQIA+, que abriga 69 detentas e detentos no Instituto Penal de Campo Grande.

Além da ala exclusiva para a comunidade, também foi entregue o espaço destinado aos cursos profissionalizantes na área de beleza que serão ofertados em parceria com o Sebrae.

Uma das travestis que tomam à frente na hora de reivindicar também é a primeira a narrar a mudança de estrutura e no trato. Entre idas e vindas desde 2014, nos últimos quatro anos, o endereço dela é o número 2732 da Rua Indianápolis, no Noroeste.

“Faz tempo que a gente tenta ter um espaço só para nós, mas nunca teve essa possibilidade como agora. Me falaram que não tem cadeia no Brasil inteiro, que tem um espaço só para LGBT e nosso ainda vai ter salão”, comemora a travesti, de 34 anos.

Antes, as mulheres trans, travestis e homens gays que pediam, ficavam isolados do restante em celas dentro do Instituto Penal. Agora, além das celas, o pavilhão permite que elas tenham a “liberdade” dentro do regime fechado na penitenciária.

“Não querendo justificar o erro que a gente cometeu lá fora, mas tem muitas meninas que se tivessem oportunidade, não precisavam estar presas. Faz unha, maquiagem, cabelo, henna, sobrancelha, mega hair, tudo. Agora, com essa chance, acredito que a gente vai se profissionalizar e, quando sair, vai ter uma profissão e não vai precisar ir pra rua mais, porque vai ter uma profissão que a gente gosta e sabe exercer”, enfatiza.

Na prática, a ala exclusiva significa segurança, que é dever constitucional do Estado proteger a integridade física e moral dos presos.

“Já vem há muito tempo esse pedido para a ala LGBT, mas nunca tinha saído do papel. Aí veio a psicóloga do Instituto Penal e a nova direção, e nós conseguimos essa oportunidade. Não tem o que falar melhor do que gratidão e liberdade, porque a gente pode se casar, se beijar, se abraçar. É o nosso espaço, e isso é libertador”, descreve a travesti.


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