Por Lauren Netto
Com a assinatura do decreto que regulamenta a Política Nacional de Leitura e Escrita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na última quinta-feira (5), o setor editorial reacendeu o debate sobre estratégias para aumentar o número de leitores no Brasil. Dante Cid, presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel), destacou que é essencial unir a distribuição de livros impressos e digitais para estimular a leitura espontânea e facilitar o acesso em diferentes regiões do país.
A regulamentação do decreto permite ao governo federal criar um novo Plano Nacional de Livro e Leitura (PNLL), que será vital para reverter o declínio no número de leitores. Entre 2015 e 2019, o Brasil perdeu 4,6 milhões de leitores, segundo a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, conduzida pelo Instituto Pró-Livro e Itaú Cultural.
Cid ressaltou a importância de adotar experiências internacionais, como as observadas em países como a Suécia, onde escolas que optaram exclusivamente pelo uso de livros digitais registraram menor assimilação de conteúdo entre os alunos. No entanto, ele reconhece que os livros eletrônicos podem ser a solução ideal para áreas de difícil acesso ou com limitações logísticas, além de ampliar o alcance de obras especializadas, como as de cunho técnico-científico.
“Temos que considerar um mix de soluções”, afirmou Cid, sugerindo que, em áreas mais isoladas, os livros digitais sejam combinados com o envio gradual de materiais impressos. Ele também reforçou a importância de uma atuação conjunta entre o Ministério da Educação e os Ministérios das Cidades e da Cultura para garantir que a literatura chegue a todos os cantos do Brasil.
Para Pierre André Ruprecht, diretor executivo da SP Leituras, a biblioteca digital gratuita de São Paulo, o decreto representa um passo decisivo na implementação de ações concretas que visam transformar o Brasil em um país de leitores. "É mais do que uma declaração de intenção. É um compromisso com a execução de medidas que podem mudar a realidade da leitura no país", afirmou.