Rio Paraguai atinge níveis históricos de seca e ameaça biodiversidade do Pantanal

Sem chuvas, o bioma enfrenta sua pior seca, com impacto em animais, vegetação e navegação

06/09/2024 00h00 - Atualizado em 09/09/2024 às 11h56

Por Lauren Netto

A seca no Rio Paraguai atinge níveis alarmantes e coloca o Pantanal em situação crítica. Dados do Serviço Geológico do Brasil (SGB) apontam que a principal bacia do bioma pode estar enfrentando a pior seca já registrada, com o nível das águas em patamares historicamente baixos. Em Ladário (MS), por exemplo, o rio marcou -25 cm, quando o esperado para o período seria 3,53 metros. Outras áreas, como Porto Esperança e Forte Coimbra, também registram níveis negativos significativos, agravando a situação.

O Rio Paraguai percorre 2.695 km, dos quais 1.693 km estão no Brasil, sendo crucial para a vida no Pantanal. No entanto, 18 dos 21 pontos de medição apresentam níveis abaixo do esperado, com três deles em situações de emergência. A estiagem prolongada ameaça não apenas a fauna e flora da região, mas também atividades econômicas, como a navegação e o turismo, que dependem das águas do rio.

A previsão para Ladário é sombria: o SGB projeta que o nível do rio pode chegar a -60 cm, aproximando-se das piores secas já registradas, como as de 1964 e 2021. Se a seca persistir, o Pantanal pode enfrentar danos irreversíveis. "O Pantanal é altamente dependente de suas águas. Sem elas, estamos diante de um bioma fragilizado", afirma Carlos Padovani, pesquisador da Embrapa Pantanal.

Veja na tabela abaixo como estão e como deveriam estar os níveis em todas as estações ao longo do curso do Rio Paraguai:

A crise hídrica também coloca em risco a biodiversidade do Pantanal. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, alertou sobre a possibilidade de perder o bioma até o fim do século, caso o aquecimento global não seja revertido. O fogo, que consome o Pantanal há meses, já destruiu 2,6 milhões de hectares, ou cerca de 18% do bioma. Além das queimadas, a seca ameaça a fauna, com peixes e anfíbios sendo particularmente afetados pela falta de água.

A situação é crítica também para a navegação. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) identificou 18 pontos críticos no Rio Paraguai, comprometendo o transporte de cargas, como ferro e soja, pela hidrovia. A pesca e o turismo, atividades fundamentais para a economia local, também enfrentam desafios.

Em maio, a Agência Nacional de Águas (ANA) declarou situação de escassez crítica na bacia do Rio Paraguai, uma medida que se mantém até o final de outubro. Sem chuvas à vista, a crise hídrica pode se agravar ainda mais, ameaçando não só o Pantanal, mas também as populações que dependem diretamente de suas águas para sobreviver.


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