Por Andrella Okata
A União Europeia determinou que, a partir de 6 de outubro de 2024, somente carne bovina proveniente de machos poderá ser importada do Brasil. A decisão, comunicada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) por meio do Ofício Circular nr. 24/2024, é uma resposta à necessidade de garantir que as fêmeas não tenham sido tratadas com ésteres de estradiol, um hormônio comum em protocolos de inseminação artificial.
O protocolo para permitir a exportação de fêmeas deve ser implementado em até 12 meses e inclui etapas como adaptação do sistema, acreditação de certificadoras e formação de lotes de animais certificados.
A medida causou surpresa entre os produtores, especialmente em Mato Grosso do Sul, um estado crucial para a pecuária brasileira. Ronan Salgueiro, diretor da Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul), expressou preocupação com o impacto econômico da restrição. Ele destacou que a Europa é um mercado importante e que a proibição poderá reduzir significativamente o faturamento dos produtores. Além disso, as propriedades que investiram em rastreabilidade e certificação poderão enfrentar dificuldades.
A Associação Brasileira das Empresas de Certificação por Auditoria e Rastreabilidade (ABCAR) está trabalhando em um protocolo para atender às novas exigências e restabelecer a exportação de fêmeas.
Apesar da nova restrição, as exportações brasileiras de carne bovina alcançaram recordes históricos em agosto de 2024, com crescimento tanto em volume quanto em faturamento, refletindo a forte demanda internacional, especialmente da União Europeia.