Segundo estudo, áreas verdes podem reduzir calor extremo nas cidades em até 5°C

Estudo publicado na revista The Innovation, com colaboração da USP, avalia impacto dos jardins botânicos, áreas úmidas e paredes verdes no resfriamento urbano

11/10/2024 00h00 - Atualizado em 11/10/2024 às 20h56

Por redação

As grandes cidades sofrem cada vez mais com os efeitos das mudanças climáticas, especialmente com as ondas de calor extremo. O cenário, no entanto, pode ser mitigado a partir da união de infraestruturas verdes e azuis às cinzas (ou GBGI, sigla para green-blue-grey infrastructure), aponta um estudo publicado na revista científica The Innovation.

O termo descreve a utilização de recursos ambientais naturais em áreas urbanas. A infraestrutura verde refere-se a elementos como jardins, parques, telhados e paredes verdes e árvores de rua.

Já a azul trata dos corpos d’água, como rios, lagos, áreas úmidas e de retenção de águas pluviais. As infraestruturas cinzas são as construções e sistemas urbanos comuns a qualquer cidade: prédios, ruas, casas e outras obras de engenharia.

O estudo “Urban heat mitigation by green and blue infrastructure: Drivers, effectiveness, and future needs” (Mitigação do calor urbano a partir da infraestrutura verde e azul: fatores, eficácia e necessidades futuras, em tradução livre) avaliou que jardins botânicos apresentam um resfriamento médio entre 3,5°C e 5°C, sendo o impacto climático mais eficiente entre os GBGI. Em seguida, estão as áreas úmidas, com uma redução entre 3,2°C e 4,9°C, e paredes verdes (4,1°C a 4,2°C).

As árvores nas ruas também são uma fonte fácil de redução no calor urbano, de acordo com a pesquisa. O resfriamento médio foi de 3,1°C a 3,8°C. Já as varandas com vegetação geram uma diminuição no calor entre 2,7°C e 3,8°C.

Áreas verdes e azuis

A colaboração entre infraestruturas verdes-azuis também é uma das técnicas que pode gerar melhoria no clima das grandes cidades, mesclando áreas de natureza e água. O estudo aponta que além de gerar a redução da temperatura, as áreas proporcionam balanço hídrico, prevenção a alagamentos e preservação da biodiversidade.

O estudo contou com pesquisadores da Austrália, China, Estados Unidos, Reino Unido e Brasil, com contribuição do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP).

Maria de Fátima Andrade, professora titular do Departamento de Ciência Atmosféricas da USP e uma das autoras do estudo, ressalta os benefícios ambientais e climáticos do GBGI.

Efeito Ilha de Calor

A presença de construções de concreto e pavimentos sem um planejamento térmico geram nas áreas urbanas o que os especialistas chamam de Efeito Ilha de Calor, fenômeno climático que aumenta as temperaturas nas cidades e não nas áreas rurais.

De acordo com Andrade, o efeito se soma às ondas de calor extremo como fatores prejudiciais à biodiversidade, gerando ainda deficiência hídrica. “Preservar as áreas verdes resulta também na absorção de poluentes, prevenção de alagamentos, preservação de animais, plantas e áreas naturais”, explica.

Os efeitos dessa mudança do clima não se limitam à natureza: a especialista afirma que também há maiores riscos relacionados a saúde humana a partir do aumento das temperaturas, como a insolação, quando o sistema imunológico reage a temperaturas corporais acima dos 40°C.


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