Por Andrella Okata
Nesta terça-feira (5), os norte-americanos irão às urnas para escolher seu próximo presidente, e essa decisão é observada com atenção por agentes econômicos ao redor do mundo, incluindo o Brasil. A vice-presidente Kamala Harris, que assume a candidatura democrata após a desistência de Joe Biden, e o ex-presidente republicano Donald Trump, conhecido por sua abordagem polêmica, têm visões econômicas que podem afetar o Brasil de diferentes maneiras.
A disputa entre Harris e Trump gera expectativas sobre a condução econômica nos EUA. Harris, caso eleita, pode trazer uma postura mais social e focada na classe trabalhadora, enquanto Trump é visto como um candidato protecionista, com promessas de elevar tarifas e intensificar a guerra comercial contra a China.
Dois temas centrais devem repercutir na economia brasileira após a eleição: a gestão das contas públicas dos EUA e a abordagem ao comércio internacional. Embora ambos os candidatos compartilhem a intenção de fortalecer a economia americana, suas estratégias diferem.
IMPACTOS NO COMÉRCIO E NA ECONOMIA BRASILEIRA
Os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China. Welber Barral, consultor em comércio internacional, aponta que a relação Brasil-EUA se estabilizou desde o governo Obama, mas o mandato de Trump foi marcado por decisões imprevisíveis que impactaram as exportações brasileiras. A possibilidade de uma política comercial mais cooperativa sob Harris pode beneficiar o comércio bilateral.
Em relação ao dólar, os analistas alertam que uma eventual alta da inflação nos EUA sob a gestão de Harris poderia fortalecer a moeda americana em relação ao real. A cotação do dólar já está elevada, e um governo de Trump poderia exacerbar essa situação.
IBOVESPA E TAXA DE JUROS
As políticas econômicas do próximo presidente também afetarão o Ibovespa, o principal índice da bolsa brasileira. A volatilidade nos preços de commodities, como minério de ferro e petróleo, influenciará diretamente as ações de empresas brasileiras. Uma desaceleração econômica na China, intensificada por tensões comerciais, pode levar a uma queda no Ibovespa.
As decisões do Federal Reserve, o banco central dos EUA, sobre juros também terão reflexo no Brasil. A alta da taxa de juros nos EUA pode pressionar o Banco Central brasileiro a agir para controlar a inflação interna. A política fiscal de Trump, que pode gerar cortes de impostos, levanta preocupações sobre a saúde fiscal dos EUA e seus efeitos na economia brasileira.
Com a eleição se aproximando, o cenário continua indefinido. Kamala Harris está ligeiramente à frente nas intenções de voto, mas a influência de Trump no mercado e sua postura em relação ao comércio criam um clima de incerteza que pode ter consequências profundas para a economia brasileira.