Dólar atinge R$ 6 pela primeira vez e expõe dúvidas sobre pacote fiscal do governo

Mercado reage com cautela às medidas econômicas anunciadas pela equipe de Fernando Haddad

28/11/2024 00h00 - Atualizado em 28/11/2024 às 21h23

Por Andrella Okata

Nesta quinta-feira (28), o dólar alcançou pela primeira vez o patamar de R$ 6,0029 durante o pregão, encerrando o dia cotado a R$ 5,9891, com alta de 1,30%. O marco histórico ocorre em meio à reação do mercado financeiro ao pacote de corte de gastos anunciado pelo governo federal e à proposta de ampliação da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais.

As medidas, detalhadas em uma coletiva de imprensa pelos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, do Planejamento, Simone Tebet, e da Casa Civil, Rui Costa, incluem cortes de R$ 70 bilhões previstos para 2025 e 2026, além de mudanças fiscais como uma alíquota de até 10% para contribuintes que recebem mais de R$ 600 mil por ano.

Apesar da expectativa inicial de que o pacote traria otimismo ao mercado, a proposta de ampliação da isenção do IR gerou preocupação sobre os impactos fiscais. Para Helena Veronese, economista-chefe da B.Side Investimentos, a medida pode custar até R$ 40 bilhões anuais, potencialmente comprometendo o equilíbrio das contas públicas no longo prazo.

O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, refletiu o cenário de incertezas, encerrando o dia com queda de 2,05%, acumulando perdas de 6,80% no ano.

REAÇÃO DO MERCADO

Segundo Bruno Funchal, presidente do Bradesco Asset, o pacote de cortes apresenta elementos positivos, mas a revisão da tabela do IR trouxe um "risco fiscal relevante". "O mercado esperava um ajuste fiscal mais robusto, mas a isenção do IR adicionou uma percepção de fragilidade ao pacote", afirmou.

O governo defende que o impacto da isenção será compensado por novas medidas de taxação de grandes fortunas e pessoas físicas de alta renda. No entanto, os investidores ainda aguardam maior detalhamento para avaliar a viabilidade da proposta.

O ministro Fernando Haddad reafirmou o compromisso do governo em respeitar o arcabouço fiscal e enfatizou que o ajuste não recairá apenas sobre a população de baixa renda. Ainda assim, especialistas avaliam que a reação defensiva do mercado reflete dúvidas sobre a implementação e os possíveis custos das medidas anunciadas.


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